Deputados árabes-israelenses culpam Netanyahu por assassinato de palestino

  • Por Agencia EFE
  • 02/07/2014 11h34
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Jerusalém, 2 jul (EFE).- Um grupo de deputados árabes do parlamento israelense responsabilizou nesta quarta-feira o governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, pelo “sequestro e assassinato” do adolescente palestino Mohamad Hussein Abu Jedeir em um suposto ato de vingança de nacionalistas judeus.

“Estamos muito zangados e tristes. O governo de Israel, seu primeiro-ministro e seus ministros são responsáveis por provocar e portanto por sequestrar e assassinar este menino”, afirmou o deputado Ahmed Tibi, escoltado por outros dois representantes dos três partidos árabes na Knesset (parlamento israelense).

Em uma visita de condolências à família do jovem de 16 anos, cujo corpo foi achado nesta madrugada em uma floresta ao oeste de Jerusalém após várias horas desaparecido, os três parlamentares se queixaram de que Israel “faz diferença entre o sangue de uma criança judia e a de uma palestina”.

“Não há um tratamento igualitário e dizem que o sangue de uma criança judia é mais valioso que a de uma palestina”, considerou em declarações a um grupo de jornalistas no bairro de Shuafat, em Jerusalém Oriental, onde residia a vítima.

E Tibi lembrou que “há 13 anos uma criança palestina morre (de média) a cada três dias pelas mãos do Exército israelense”, por isso que “este crime foi responsabilidade da Polícia, das forças de segurança e do governo israelenses”.

“Benjamin Netanyahu é pessoalmente responsável pelo sangue de Mohamad e deve assumir responsabilidades”, insistiu Tibi.

O primeiro-ministro israelense pediu hoje que a polícia complete rapidamente a investigação para esclarecer os fatos e saber “quem está por trás deste deplorável assassinato e suas motivações”, por sua vez pediu calma a israelenses e palestinos e que “não façam justiça com as próprias mãos”.

O assassinato do adolescente palestino ocorreu horas depois do enterro dos três israelenses desaparecidos em 12 de junho e cujos cadáveres foram descobertos na segunda-feira em um local perto da cidade palestina de Hebron, o que suscitou desde ontem uma onda de ataques contra árabes por parte de nacionalistas judeus.

Um porta-voz da Polícia explicou à Agência Efe que por enquanto há duas linhas de investigação, a criminal e a nacionalista.

Para Musad Abu Jedeir, primo da vítima, estava claro hoje que “tudo” mudará por causa deste crime.

“Tudo no bairro é diferente desde hoje, ninguém sabe o que ocorrerá amanhã”, afirmou aos jornalistas.

Segundo testemunhas, seu primo foi introduzido ontem à noite pela força em um carro após sair da mesquita.

A polícia encontrou seu corpo na Floresta Jerusalém, ao oeste da cidade, embora não haja ainda confirmação legista.

Logo após conhecer a notícia, centenas de pessoas se congregaram na porta da casa do jovem, onde se enfrentaram polícia com pedras e paus, que respondeu com gás lacrimogêneo, bombas e balas recobertas de borracha.

“Isto é uma reação porque o povo está zangado, não só pelo sequestro mas pela situação política palestina”, explicou à Agência Efe Youssef Mkhemr, morador do bairro e que trabalha para uma associação de refugiados palestinos.

Segundo este morador, o povo não está de acordo com a forma como “nosso governo administrou a situação após o sequestro dos adolescentes israelenses”, ajudando as forças de segurança israelenses em sua busca.

“Ajudaram Israel a ir contra seu próprio povo”, diz ao expressar seu temor de que sejam registrados outros casos como o de hoje “por conta da situação de tensão” entre as duas comunidades.

Por outro lado, a missão permanente de Israel perante as Nações Unidas em Genebra acusou a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, de não ter mostrado “respeito” pela morte dos três adolescentes cujos corpos foram achados na segunda-feira passada

“Tristemente e sem surpresas, notamos com profunda decepção a infeliz e insensível forma como a Alta comissária escolheu tratar este delicado e doloroso tema, que tocou os corações de uma nação inteira”, é possível ler na carta enviada à própria Pillay pelo embaixador permanente de Israel, Eviatar Manor. EFE

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