Derrota de coalizão governista sela renúncia de líder trabalhista na Irlanda

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 15h15
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Javier Aja.

Dublin, 26 mai (EFE).- Os maus resultados obtidos pela coalizão de governo da Irlanda nas eleições europeias e locais da última sexta fizeram com que o vice-primeiro-ministro Eamon Gilmore anunciasse nesta segunda-feira sua renúncia como líder trabalhista.

Gilmore, que também ocupa a pasta de Relações Exteriores e de Comércio, reconheceu que o partido “pagou um alto preço” por assumir, em tempos de profunda crise econômica, “o risco” de participar, como sócios minoritários, no Executivo de Dublin com o conservador Fine Gael (FG).

Os trabalhistas alcançaram apenas 7% dos representantes municipais nos pleitos locais, depois que seu apoio caísse mais da metade desde as eleições de 2009. Além disso, eles também perderão os dois eurodeputados que tinham no Parlamento de Estrasburgo.

Nas eleições da última sexta, que contou com uma participação de 51,6%, o eleitorado irlandês decidiu castigar o partido de Gilmore – e o FG, em menor medida – pela política de austeridade imposta no resgate de 85 bilhões de euros concedido ao país em 2010 pela União Europeia e FMI, o qual foi finalizado com sucesso em dezembro.

Pouco mais de 3 milhões de irlandeses foram convocados às urnas na última sexta para escolher 11 eurodeputados e 949 representantes municipais nas eleições locais que, faltando 30 postos por atribuir, foram vencidas pelo centrista Fianna Fáil (FF), o terceiro partido nacional.

Desta forma, o FF, partido que pediu o resgate em 2010, tem, por enquanto, 260 representantes; 231 os “Independentes e outros partidos minoritários” e 155 o Sinn Féin, o antigo braço político do já inativo IRA, que triplicou os resultados alcançados em 2009.

Por outro lado, o FG do primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, com 225 cadeiras, perdeu cerca de 8% do apoio em relação há cinco anos, enquanto o Trabalhista ficou com apenas 50 representantes, menos da metade do que tinha.

Gilmore, que tomou as rédeas do Partido Trabalhista em 2007 e obteve seu melhor resultado nas eleições gerais em 2011, disse hoje que aceita toda a responsabilidade pelo desastre eleitoral e falou sobre a necessidade de renovar essa formação.

No entanto, o político, de 59 anos, se declarou “orgulhoso dos avanços” alcançados desde que a coalizão assumiu o poder há três anos, já que, segundo ele, foi sobre ela que caiu todo o peso da aplicação das duras reformas recolhidas no programa de ajuda internacional.

“Lamento profundamente a perda de bons representantes públicos. O partido e o governo devem avançar em direção a uma nova fase. Devemos escutar, prestar atenção e atuar após essa mensagem recebida na sexta-feira”, assinalou Gilmore.

O político também ressaltou que sua decisão não afetará a estabilidade do Executivo e que seguirá à frente do partido e no governo até finais do próximo mês de junho, quando devem eleger um novo líder.

Na sequência, Kenny deve iniciar uma conversa com seu sucessor de Gilmore para decidir se ele continua como chefe da diplomacia irlandesa e titular de Comércio, além de quem ocupará o posto de vice-primeiro-ministro.

Apesar desta renúncia e dos maus resultados eleitorais, o “Taoiseach” (primeiro-ministro irlandês) também defendeu hoje a estabilidade do governo e assegurou que tem “trabalhado muito bem” com Gilmore, a quem descreveu como um “homem íntegro, valente e de convicções”.

No entanto, a partir da oposição, já começaram a surgir vozes que questionam a viabilidade deste Executivo, dado que a nova liderança trabalhista buscará mudar radicalmente de rumo se não quiser sofrer uma derrota ainda mais dura nas próximas eleições gerais, previstas para 2016.

“A vida deste governo foi abalada. Um novo líder se traduz em novas políticas. Novas políticas para o Partido Trabalhista significam discussões com FG. Chegarão ao Natal?”, perguntava o deputado independente Shane Ross, um dos mais avaliados na Irlanda. EFE

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