Desaparecimento de 43 estudantes no México completa um ano

  • Por Agencia EFE
  • 26/09/2015 14h41
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México, 26 set (EFE).- Um ano depois do desaparecimento de 43 estudantes, seguem as dúvidas sobre o ocorrido no município mexicano de Iguala, apesar da detenção de 111 pessoas envolvidas neste caso que comoveu o país e abriu uma profunda crise no governo de Enrique Peña Nieto.

Embora a Procuradoria tenha estabelecido em janeiro o que chamou de “verdade histórica”, segundo a qual os jovens foram assassinados e incinerados em uma lixeira pelo cartel dos Guerreros Unidos, especialistas da CIDH asseguraram no início deste mês que não há evidências científicas de que isso tenha ocorrido.

No último ano foram detidas figuras “chave” para as investigações, entre elas o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e líderes dos Guerreros Unidos, enquanto os pais das vítimas empreenderam uma ferrenha luta dentro e fora do país para exigir justiça.

Esta é a cronologia com os fatos mais significativos do caso:.

2014.

– 26 de setembro: Policiais corruptos atacam a tiros estudantes da Escola Rural de Ayotzinapa em Iguala, no sulista estado de Guerrero, com um saldo de seis mortos, 25 feridos e 43 jovens desaparecidos.

– 28 de setembro: 22 policiais de Iguala são detidos por “suposta responsabilidade” no ataque e posterior desaparecimento.

– 30 setembro: Prefeito de Iguala foge.

– 4 de outubro: A Procuradoria Geral da República (PGR) assume a investigação.

– 6 de outubro: As forças de segurança federais assumem o controle da segurança de Iguala.

– 17 de Outubro: Detenção do líder dos Guerreros Unidos, Sidronio Casarrubias, que supostamente ordenou o desaparecimento dos jovens.

– 22 de outubro: A PGR assegura que o prefeito foragido e sua esposa foram os autores intelectuais da repressão.

– 23 de outubro: O governador de Guerrero, Ángel Aguirre, renuncia ao cargo pela crise suscitada pelo desaparecimento.

– 29 de outubro: Peña Nieto se reúne com os pais das vítimas, aos quais promete intensificar a busca.

– 4 de novembro: Abarca e sua esposa são detidos na capital.

– 7 de novembro: A PGR dá por mortos os 43 após deter três membros dos Guerreros Unidos que confessam tê-los assassinado e incinerado em uma lixeira, uma versão que indigna os pais, e anuncia o envio a um laboratório da Áustria dos restos achados nesse lugar e na beira de um rio para sua identificação.

– 8 de novembro: Ao término de uma manifestação pelos 43, encapuzados queimam a porta do Palácio Nacional, enquanto o presidente viaja à Ásia em tour de trabalho apesar da crise.

– 7 de dezembro.- O laboratório de Innsbruck (Áustria) identifica Alexander Mora, um dos 43 desaparecidos.

2015.

– 13 de janeiro: O governo diz que abrirá os quartéis aos familiares das vítimas, que pedem uma investigação do papel do Exército na noite do 26 de setembro.

– 27 de janeiro: O promotor Jesús Murillo estabelece a “verdade histórica” com base em provas científicas e periciais, segundo as quais os 43 foram queimados na lixeira.

– 8 de fevereiro: A equipe Argentina de Antropologia Legista (EAAF), que participa da investigação a pedido dos pais, assegura que não há evidências que permitam vincular os restos achados na lixeira com os encontrados no rio San Juan.

– 12 de fevereiro: um grupo designado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para estudar o caso se reúne em Washington.

– 19 de fevereiro: Estudantes atacam com coquitéis molotov instalações de batalhão militar em Chilpancingo (Guerrero). Peña Nieto defende a “honorabilidade” do Exército.

– 26 de fevereiro: Murillo deixa a Promotoria após as críticas pela investigação e em seu lugar assume Arely Gómez.

– 1 de março: o grupo desginado visita o México e reúne-se com familiares dos jovens.

– 16 de março: Pais dos desaparecidos iniciam uma viagem por 43 cidades americanas para denunciar o caso. Semanas depois, percorrem Europa e América do Sul com o mesmo objetivo.

– 11 de maio: O grupo denuncia tortura a detidos pelo caso.

– 7 de junho: Anulação das eleições em Tixtla após o boicote impulsionado por familiares e companheiros dos 43.

– 29 de junho: O grupo denuncia impedimentos para entrevistar militares do batalhão de Iguala.

– 6 de setembro: O mesmo grupo questiona em um relatório a “verdade histórica”, denuncia graves irregularidades na investigação e aponta o transporte de drogas ocultas em um dos ônibus que os jovens pegaram como possível motivação pelo crime. A Procuradoria anuncia ampliação do mandato dos especialistas.

– 16 de setembro: O laboratório de Innsbruck acha indícios de que restos procedentes do rio San Juan são do estudante Jhosivani Guerrero, e autoridades detêm Gildardo López Astudillo, integrante dos Guerreros Unidos e considerado autor material do desaparecimento.

– 23 de setembro: Pais dos jovens iniciam greve de fome de 43 horas.

– 24 setembro: Parentes se reúnem com Peña Nieto, que anuncia criação de uma promotoria especializada para a busca de desaparecidos no meio do decepção dos pais.

– 26 setembro: Parentes lideram manifestação na capital para lembrar o primeiro aniversário do desaparecimento. EFE

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