Desenvolvimento dos pulmões nos primeiros anos é crucial para evitar DPOC

  • Por Agencia EFE
  • 20/07/2015 15h27

Barcelona, 20 jul (EFE).- O desenvolvimento normal dos pulmões nos primeiros anos de vida, e até os 40 anos, é tão importante para evitar a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) como não fumar, segundo uma pesquisa realizada por médicos do Hospital Clínic de Barcelona, na Espanha.

O estudo, publicado pela revista “New England Journal of Medicine”, demonstra pela primeira vez que o desenvolvimento pulmonar anormal antes da idade adulta é, junto com o tabagismo, um fator de risco para a DPOC.

A pesquisa concluiu que as causas do desenvolvimento pulmonar anormal são múltiplas e incluem o tabagismo (passivo e ativo), a exposição a outros poluentes ambientais, as infecções de repetição, a desnutrição e fatores genéticos.

O trabalho demonstra que o desenvolvimento pulmonar anormal antes dos 40 anos predispõe o desenvolvimento, 20 anos mais tarde, da DPOC, uma doença que até agora se considerava como uma patologia autoinflingida pelo tabagismo.

O estudo demonstra que isto é certo em aproximadamente metade dos casos, mas que, na outra metade, o desenvolvimento anormal do pulmão nos primeiros anos de vida, e seguramente durante a gravidez, é um fator de risco muito importante.

O trabalho foi codirigido por Àlvar Agustí, chefe do Instituto Clínico do Tórax do Hospital Clínic e da equipe de Doenças Respiratórias do Instituto de Pesquisas Biomédicas August Pi i Sunyer (Idibaps), membro do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede de Doenças Respiratórias (Ciberes) e presidente da Barcelona Respiratory Network (BRN).

Agustí lembrou que a DPOC, que limita o fluxo de ar respiratório e causa inflamação nas vias aéreas, é uma doença que afeta 10% da população e é a terceira principal causa de morte no mundo.

“Até agora, se considerava que a principal causa para desenvolver a doença era o tabaco. A partir de agora, deverão ser também considerados fatores de desenvolvimento pulmonar nos primeiros anos de vida”, segundo o pneumologista.

A pesquisa foi realizada com os dados de três estudos independentes nos quais cerca de 25 mil pessoas foram monitoradas e suas condições respiratórias avaliadas ao longo de mais de 30 anos.

Os pesquisadores classificaram os participantes desses estudos a partir de sua capacidade pulmonar no início do acompanhamento (antes dos 40 anos), medindo a quantidade de ar que podiam exalar em um segundo e a presença ou ausência de DPOC no último exame do estudo.

Entre as pessoas que no início do estudo apresentavam boa função pulmonar, apenas 7% desenvolveram DPOC depois de 22 anos, enquanto 26% dos participantes com função pulmonar deteriorada antes dos 40 anos tinham adquirido DPOC ao término do acompanhamento.

Esses resultados demonstram que uma baixa capacidade pulmonar antes dos 40 anos é uma condição que predispõe à aparição posterior da DPOC e que o nível máximo da função pulmonar alcançado antes da idade adulta é um fator determinante do risco futuro desta doença.

Segundo Agustí, “este estudo demonstra que a melhor ferramenta para a prevenção da aparição da DPOC na idade adulta é conseguir um desenvolvimento pulmonar normal durante a adolescência e não fumar nunca”.

“Não fumar e evitar a exposição passiva a partículas inaladas como as do tabaco e da poluição são boas estratégias para conseguir uma capacidade pulmonar máxima”, acrescentou. EFE

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