Designação de Juncker para Comissão Europeia aumenta isolamento de Londres
Elena Moreno.
Bruxelas, 27 jun (EFE).- A nomeação de Jean-Claude Juncker para presidir a próxima Comissão Europeia por parte dos líderes de vinte e seis países da União Europeia (UE), com a oposição do Reino Unido e da Hungria, aprofundou o distanciamento entre Londres e o restante do bloco.
O nome de Juncker será apresentado agora para a Eurocâmara. O Reino Unido insiste na necessidade de reformas e o país inclusive já propôs a realização de um referendo em 2017 para avaliar a possibilidade de sair da UE.
“Este é um dia ruim para a Europa”, disse o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, ao final da cúpula europeia realizada hoje em Bruxelas. “Foi um grave erro dos líderes” designar Juncker, pois “trabalhando juntos teríamos encontrado um candidato alternativo”, acrescentou.
No entanto, Cameron aceitou o resultado e sua derrota diplomática, mas afirmou que mantém sua convicção de que a “Europa tem que mudar”.
“A Europa necessita líderes que lutem pela mudança, com independência dos obstáculos, das frustrações e dos custos a curto prazo”, disse.
Os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão, José Manuel Durão Barroso, parabenizaram Juncker, ex-primeiro-ministro luxemburguês e ex-presidente do Eurogrupo, pela indicação.
“O conheço há mais de 20 anos, trabalhamos juntos e verdadeiramente acho que é um europeu comprometido e um líder político com uma experiência excepcional”, opinou Barroso.
Para Cameron, no entanto, a experiência comunitária de Juncker é justamente o que o torna, segundo sua opinião, um nome “equivocado” para comandar o Executivo europeu, pois ele poderia “aumentar o poder de Bruxelas e reduzir os poderes dos Estados”.
Barroso, que concluirá seu mandato no último trimestre do ano e que, como Juncker, pertence ao Partido Popular Europeu (PPE), afirmou que “nos próximos meses” se espera “uma transição suave entre esta Comissão Europeia e a seguinte”.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, mostrou-se conciliadora com Cameron e prometeu que os líderes “levarão em conta” suas inquietações e que podem existir diferentes ritmos na integração europeia.
A chanceler ressaltou que foram incluídas nas conclusões aprovadas na cúpula elementos que “importavam particularmente a David Cameron” em relação à evolução futura da UE.
“Votei por Juncker porque há uma proposta, não teria feito à revelia de um documento ou de um acordo político”, afirmou por sua parte o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, que considerou o texto da cúpula “muito bom, porque pela primeira vez se coloca o foco no crescimento”.
Além disso, lembrou que o político conservador é o candidato do partido mais votado nas eleições europeias, por isso o apoiar era “uma escolha política”, para se avançar “rumo a uma democracia na Europa”.
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que Juncker tem uma grande experiência, é um “europeísta convicto” e “um grande amigo da Espanha”.
Para o presidente da França, François Hollande, que já antecipou que seu país quer uma das vice-presidências do futuro Executivo comunitário, não se tratou de designar “um candidato, uma opção sobre uma pessoa concreta, mas sim obedecer uma lógica que começou com as eleições europeias”.
Agora, o luxemburguês, de 59 anos, terá que obter o sinal verde do parlamento Europeu por uma maioria de 376 votos, das 751 cadeiras do plenário europeu, em uma sessão marcada para 16 de julho em Estrasburgo (França).
Neste mesmo dia, os vinte oito líderes da UE se reunirão em um jantar informal em Bruxelas com Juncker para iniciar as consultas sobre as indicações para outras altas instâncias do bloco europeu, confirmou Van Rompuy.
Os líderes abordarão, já com o novo presidente da Comissão, as prioridades da UE para os próximos cinco anos, e iniciarão novas consultas sobre quem ocupará outros altos cargos, como a presidência permanente do Conselho Europeu e o Alto Representante da União para a Política Externa e Segurança Comum, entre outros. EFE
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