Desigualdade econômica mais profunda diminui expectativa de vida nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 26/06/2014 15h25

Jorge A. Bañales.

Washington, 26 jun (EFE).- A Grande Recessão foi “uma arma de destruição em massa do patrimônio familiar” nos Estados Unidos e acelerou a desigualdade econômica e social, o que diminui a expectativa de vida entre os mais pobres, segundo um novo estudo, publicado nesta quinta-feira.

Na recessão, que começou em dezembro de 2007 e terminou em julho de 2009, “todos perderam patrimônio, tanto os ricos como a classe média e os pobres”, disse à Agência Efe Fabian Pfeffer, do instituto de Pesquisa Social na Universidade de Michigan.

“As pessoas no topo da pirâmide econômica perderam enormes quantidades de capital mas, em relação ao patrimônio familiar e a receita, a classe média e os pobres perderam muito mais”, acrescentou o autor da pesquisa.

A família média americana, segundo Pfeffer, já vinha perdendo renda desde o começo da década de 2000 e o que ocorreu com a geração da bolha imobiliária foi uma aparente revalorização dos bens imobiliários que ocultaram aquela perda.

“Quando o mercado imobiliário desabou, tudo veio abaixo”, acrescentou.

No período anterior à Grande Recessão, as famílias que estavam na faixa média da distribuição de riqueza aumentaram seu valor líquido (a soma de todos os ativos menos as dívidas) de US$ 88 mil em 2003 a US$ 99 mil em 2007, segundo o estudo.

Mas o aumento da riqueza entre as famílias acima dessa faixa média foram substancialmente maiores.

A renda líquida das famílias no percentil 75 cresceu mais de US$ 65 mil, por exemplo, e as do percentil 95 aumentou em mais de US$ 436 mil.

Após a Grande Recessão, a riqueza diminuiu em todos os níveis da distribuição. Mas para 2013 a riqueza entre as famílias no percentil 95 ou superior continuava sendo ainda mais alta do que em 2003.

Mas em todos os níveis inferiores da distribuição de riqueza o valor líquido ficou mais baixo do que era em 2003.

De fato, segundo os pesquisadores, em 2013 o valor líquido da família americana típica era 20% inferior do que em meados dos anos 80, e o valor líquido no percentil 25 caiu em mais de 60%.

Um estudo dirigido por Christopher Murray, da Universidade de Washington, que incluiu a análise mais completa da situação de saúde nos Estados Unidos em quinze anos, descobriu que a expectativa de vida subiu de 75,2 anos em 1990 para 78,2 anos em 2010.

Apesar destes números, entre os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, os Estados Unidos passaram da 18º para a 27º colocação em relação à expectativa de vida, porque entre outros países a elevação foi bastante superior.

Além da média nacional, existe a realidade da distribuição geográfica da receita e do patrimônio, e o estudo mostrou que a expectativa de vida varia enormemente entre os condados mais pobres e os mais ricos do país.

“Há lugares como Mississipi e Virgínia Ocidental em que a expectativa de vida está na metade dos 60 anos para os homens e menos de 75 anos para as mulheres”, explicou Murray. “São números comparáveis com vários dos países mais pobres”.

O estudo mostrou que pessoas que vivem em áreas mais ricas, como San Francisco, Colorado e os os bairros no norte e leste de Washington, DC, tem uma boa saúde comparável aos moradores de Suíça ou Japão.

Mas as condições de saúde dos que vivem nos Apalaches ou nas zonas rurais do Sul são comparáveis às dos moradores de Argélia ou Bangladesh.

“A economia americana experimentou uma crescente desigualdade de receita e patrimônio por várias décadas e há poucos indícios de que mudança nestas tendências em curto prazo”, disse Pfeffer. EFE

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