Desigualdade entre homens e mulheres aumentou no Brasil, aponta relatório
Genebra, 28 out (EFE).- Apesar da maior participação das mulheres na política e no mercado de trabalho ter ajudado a reduzir a desigualdade de gênero entre homens e mulheres no mundo todo, o Brasil não acompanhou este movimento, e se não houver mudanças radicais, a igualdade em todo o planeta não será alcançada antes de 2095.
Essa é a principal conclusão de um novo estudo apresentado nesta terça-feira pelo Fundo Econômico Mundial sobre a desigualdade entre gêneros. O relatório não apresenta uma análise da qualidade de vida das mulheres, mas fatores como a participação na economia, sucesso educacional, saúde e poder político.
O texto indica que em 105 dos 142 países analisados houve “mudanças promissoras” que permitiram que se transformassem em países mais igualitários.
A Islândia é o país mais igualitário do mundo e Iêmen o mais desigual, apontou a nona edição do relatório, que mostra ainda que Ruanda entrou pela primeira vez no índice na sétima posição.
Sem que nenhum país tenha acabado com a desigualdade de gênero totalmente, as nações nórdicas continuam a ser as sociedades mais igualitárias.
Segundo o ranking deste ano, a Islândia é seguida por Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca.
Surpreendentemente, a Nicarágua subiu quatro postos e está em sexto lugar. O país confirmou sua posição como líder na igualdade de gênero na América Latina e no Caribe, “graças ao seu sólido desempenho nos setores de saúde, educação e política”.
“A Nicarágua é um dos 10 países da região que aparecem entre as 50 primeiras posições este ano”, segundo o relatório.
O Brasil caiu nove posições, para o 71º lugar, “apesar de ter diminuído a desigualdade de gênero em educação, saúde e sobrevivência”, destacou o documento. O Brasil está atrás de países como Macedônia, Botswana e Cazaquistão.
“Se na educação e na saúde a igualdade entre homens e mulheres é já quase uma realidade, no que diz respeito à participação económica as diferenças entre ambos os géneros continuam a se fazer sentir, sobretudo no que diz respeito aos salários”, apontou o relatório.
Entre os países que tiveram um avanço importante no índice estão Argentina, que passou da 34ª posição para a 31ª; o Peru, da 80ª para a 45ª, e o Chile, em 66ª, subindo 25 posições.
O México caiu para a 80ª posição, como resultado da redução da representação de mulheres na política, mas isto contrasta com a melhora na participação na força de trabalho e de receita.
Das principais economias da Europa, a Alemanha ficou na 12ª posição, a França saltou da 45ª para a 16ª e o Reino Unido caiu oito lugares, para o 26º lugar.
Segundo o relatório, “mais mulheres do que homens ingressaram na força de trabalho em 49 países”.
No caso da política, há hoje 26% mais mulheres parlamentares e 50% mais ministras no mundo todo do que há nove anos.
“Estas são mudanças profundas, tanto para as economias como para as culturas nacionais. No entanto, está claro que ainda há muito a fazer e que, em algumas áreas, o ritmo de mudança deve se acelerar”, declarou Saadia Zahidi, chefe do Programa para a Igualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial e principal autora do relatório. EFE
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