Desilusão latina em imigração é tema decisivo nas legislativas dos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 31/10/2014 20h20

Raquel Godos

Washington, 31 out (EFE).- A decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de adiar a questão migratória para depois das eleições legislativas de novembro gerou um grande descontentamento na comunidade latina, que pode prejudicar os democratas ao não votar e fazer com que os republicanos assumam o controle do Senado.

Os americanos votarão nas eleições legislativas que ocorrem na metade do mandato do presidente. A votação será realizada no país no dia 4 de novembro para escolher os 435 membros da Câmara e um terço do Senado. Também haverá eleições para governador em 36 estados e três territórios (as ilhas Virgens, Marianas e Guam).

A comunidade hispânica se divide de maneira desigual entre os estados e, com a distribuição por distritos, seu impacto não é tão forte como nas eleições presidenciais. No entanto, em alguns dos territórios a porcentagem demográfica de latinos pode inclinar a balança para um lado ou outro.

Os republicanos pretendem ganhar mais seis assentos no Senado para assumir seu controle e assim governar todo o Congresso nos dois últimos anos de mandato de Obama, já que contam com uma maioria irredutível na Câmara dos Representantes.

Para isso, precisam vencer em estados como Colorado, Geórgia e Carolina do Norte, onde o número de latinos que podem comparecer às urnas é grande o suficiente para definir os resultados.

O Colorado, com 12% do eleitorado latino, aparece como o principal campo de batalha eleitoral, no qual os hispânicos terão a última palavra sobre quem ficará com a cadeira, se o atual senador democrata Mark Udall ou seu rival republicano Cory Gardner.

Os latinos, que historicamente votam a favor dos democratas e que em 2012 foram decisivos para que Obama fosse reeleito, se mostram pouco inclinados a votar nas eleições legislativas, o que é agravante devido à situação da política migratória.

Embora os republicanos da Câmara tenham bloqueado nos últimos meses um projeto de reforma migratória integral, os hispânicos se sentem traídos pelo presidente, que cedeu à pressão de alguns candidatos democratas e atrasou uma prometida operação para reduzir as deportações.

Segundo um recente estudo da Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Designados (NALEO, em inglês) realizado para o pleito, 51% dos hispânicos consideram a imigração o assunto mais importante para a comunidade e a principal reivindicação aos candidatos, seguida de emprego (35%), educação (16%) e saúde (13%).

A NALEO indica que em estados como o Kansas, onde mais de 120 mil hispânicos podem votar, os latinos, cerca de 6% do eleitorado, podem desequilibrar a balança, que atualmente aponta um empate técnico entre os candidatos, segundo as pesquisas.

Os cálculos da associação mostram que 7,8 milhões de latinos devem comparecer às urnas no dia 4, número que supera em mais de um milhão de eleitores as eleições de 2010, mas que ainda está muito longe de alcançar os 25 milhões de hispânicos que podem exercer o direito ao voto.

Segundo o professor de ciência política da Universidade de San Francisco Kenneth Goldstein, durante esta campanha eleitoral os democratas tendem a mobilizar o eleitorado hispânico, que, embora desiludido, deverá votar a favor dos democratas. EFE

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