Desistindo do ano que vem, Mendonça de Barros avalia que 2016 está em jogo na economia brasileira

  • Por Jovem Pan
  • 11/11/2014 15h45
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Folhapress José Roberto Mendonça de Barros

O Relatório Focus divulgado nesta segunda mostrou uma piora na previsão da inflação (6,4%) e do crescimento (0,8%) para 2015.

Em entrevista a Denise Campos de Toledo, José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1995 a 1998) e sócio da MB Associados, avaliou que “2015 não será um grande crescimento em qualquer circunstância” e disse que “o que está em jogo mesmo é 2016”.

“A minha sensação é de que o governo propõe um certo ajuste fiscal, mas muito aquém daquilo que seria necessário”, afirmou.

A análise de Mendonça em relação aos (“poucos”) sinais que tem dado o Planalto sobre a política econômica a ser praticada nos próximos anos, é de que o governo não deve “nem dobrar a aposta (do que tem feito nos últimos anos) nem fazer o que se deve, mas um ajuste intermediário”.

No caso de um ajuste “pela metade”, “seria totalmente razoável esperar um 2016 fraco e uma piora lenta porém firme no mercado de trabalho”, aposta.

Barros já vê indícios para isso. “O consumo doméstico das famílias está devargazinho escorregando para pior (…) até pela capacidade financeira de muitas famílias e o que é pior, o investimento está caindo”, considerou.

“O investimento caindo mata a chance de a gente voltar a crescer em 2016, afinal de contas ninguém cresce se não investir”, concluiu.

Ele ressalta, contudo, que “como as equipes econômicas ainda não estão divulgadas, essas projeções ainda não são totalmente embasadas”.

Sobre o crescimento em 2014, O ex-secretário conta que a MB Associados tem uma previsão diferente e ainda mais pessimista que a do Relatório Focus.

Enquanto os números do Banco Central apontam crescimento de 0,2% em 2014, a consultoria de Barros, apenas 0,10% de expectativa do PIB.

Para Mendonça, “a piora nos números tem muito a ver com o que está acontecendo agora. Neste ano nós estamos vendo uma piora muito grande de investimentos, tanto na importação de capital quanto na produção interna de bem de capital”.

“Não tem uma direção muito definida a política econômica e é isso que está gerando essa incerteza elevada”, disse ainda o economista. “Está todo mundo esperando. O próximo passo é do Governo”.

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