Detidos líder opositor e ativista no Sudão por assinarem acordo com rebeldes

  • Por Agencia EFE
  • 07/12/2014 10h30
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Cartum, 7 dez (EFE).- O líder da principal aliança política opositora e um ativista de direitos humanos do Sudão foram detidos neste domingo em Cartum após assinarem com uma coalizão rebelde um acordo para pôr fim ao regime de Omar Hassan al Bashir.

Na quarta-feira o presidente das Forças do Consenso Nacional (FCN), Farouk Abu Issa, e o ativista Amin Meki Madani assinaram em Adis-Abeba o acordo denominado “Chamada do Sudão”, rubricado por representantes do FCN, de ONGs e da coalizão armada Frente Revolucionária.

Membros da Segurança Política (o serviços secreto sudanês) detiveram Abu Issa em sua casa, no leste de Cartum, e o levaram ao quartel desse órgão de inteligência no norte da capital.

É a primeira vez que a oposição política, os grupos rebeldes que pegaram em armas e as organizações civis fazem um pacto, depois de mais de um ano de consultas.

Na sexta-feira o dirigente do governante Partido Congresso Nacional, de Al Bashir, Al Fadel Hash Suleiman, antecipou que Abu Issa e o proeminente opositor Sadeq al Mahdi seriam submetidos a medidas legais por terem assinado o documento com os insurgentes.

Horas depois, após chegar de Adis-Abeba, Abu Issa desafio as ameaças de detenção, ao dizer que estava preparado para enfrentar qualquer medida legal.

Mahdi, ex-primeiro-ministro e líder do Partido Al Umma (a nação) – o maior da oposição sudanesa, vive exilado no Cairo desde agosto, quando foi libertado após um mês preso por instigar a rebelião contra as autoridades.

Umma faz parte do FCN, que agrupa cerca de 20 partidos, entre eles o Comunista Sudanês e o do Congresso Popular, liderado pelo clérigo islamita Hassan Turabi.

Já a Frente Revolucionária é integrada por grupos rebeldes da região de Darfur e pelo Movimento de Libertação Popular-Setor Norte (MLP-SN), que atua nos estados meridionais de Cordofão do Sul e Nilo Azul.

O documento rubricado em Adis-Abeba estipula a criação de um Estado democrático no Sudão, o fim do governo de Al Bashir; a cessação dos conflitos armados e a restauração de uma paz justa e global.

A oposição política e a armada se comprometem no acordo a buscar uma solução total que inclua uma cessação de hostilidades em Darfur, Cordofão do Sul e o Nilo Azul.

Bashir foi reeleito em outubro por seu partido para ser candidato às presidenciais do próximo ano.

O líder chegou à chefia de Estado após um golpe militar em 30 de junho de 1989 e ganhou as eleições de 2010, boicotadas pelos partidos de oposição, que denunciaram a falsificação dos resultados do pleito. EFE

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