Dificuldade na identificação de restos atrasa decisão sobre possível sucessor
Eduardo Davis
Brasília, 14 ago (EFE).- A dificuldade para identificar os restos dos integrantes do avião acidentado em Santos na quarta-feira, entre eles os do candidato à Presidência Eduardo Campos, prolongou a incerteza sobre quem será seu sucessor nas eleições de 5 de outubro.
A morte do socialista Campos, que estava em terceiro nas enquetes com uma intenção de voto de 10%, fez com que os outros candidatos, inclusive a presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição, e o social-democrata Aécio Neves, suspendessem suas campanhas eleitorais.
Em meio a um forte temporal, o avião executivo no qual viajavam Campos e outras seis pessoas caiu na quarta-feira por causas ainda não determinadas sobre algumas casas da cidade de Santos.
O impacto foi tão grande que não houve sobreviventes e o aparelho ficou totalmente destruído e seus destroços espalhados em um raio de cerca de 200 metros.
Os bombeiros informaram que recuperaram partes de corpos, mas nenhum deles completo, e que os restos somente poderão ser identificados mediante exames de DNA, que já começaram a ser realizados no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
Essas análises podem demorar entre “dois ou três dias”, embora isso dependerá do estado do material genético recolhido, explicou hoje aos jornalistas o delegado Aldo Galleano, a cargo da investigação do desastre.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), que tinha Campos como candidato à Presidência, tem um prazo de dez dias para apresentar um novo candidato, se assim decidir, mas até agora, em meio ao luto, não se pronunciou oficialmente.
No entanto, alguns líderes do partido se reuniram hoje em São Paulo e, embora sustentaram que não debateram esse tema, alguns poucos falaram e a maioria disse preferir a ecologista Marina Silva, até agora candidata a vice-presidência na chapa de Campos.
“Sinto que Eduardo gostaria que a candidata fosse Marina”, disse o deputado Julio Delgado, um dos membros da direção nacional do PSB.
No entanto, a maioria dos dirigentes do PSB esclareceu que a decisão só será tomada depois do sepultamento de Campos, que deve acontecer no fim de semana, embora tudo dependerá da identificação de seus restos.
Marina Silva é recém-chegada ao PSB, partido ao qual se filiou em setembro do ano passado depois que não pôde criar a tempo seu próprio partido para tentar concorrer pela segunda vez à Presidência, após ter ficado em terceiro nas eleições de 2010, com cerca de 19 milhões de votos (20%).
Embora enfrente resistências em setores do PSB, que aceitaram de má vontade Marina na chapa de Campos, a ecologista é um nome de peso, arrasta eleitores e pode alterar o quadro que as pesquisas mostravam até agora.
Até a formalização da candidatura de Campos, as pesquisas incluiam Marina entre os possíveis aspirantes à Presidência e a ecologista chegou a somar 22% de apoio, sempre cerca de dez pontos percentuais a mais que o político falecido.
Em todos os casos quem perdia respaldo era Neves, que enquanto Marina foi ventilada como alternativa não passou de 15%, embora hoje tenha um apoio próximo de 23%.
Neste ano, Dilma Rousseff se manteve como favorita, com um respaldo entre 35% a 40% do eleitorado.
De todos modos, a verdadeira campanha começará na próxima terça-feira com o início da propaganda eleitoral na televisão.
Cada candidato contará com um tempo de programa, que depende do número de partidos com representação parlamentar que o apoiam.
Nesse ponto, Dilma Rousseff terá uma enorme vantagem e disporá de cerca de 12 minutos por dia para se dirigir ao eleitorado.
O social-democrata Neves contará com quase cinco minutos, enquanto Campos teria apenas dois minutos.
O candidato do PSB já tinha gravado algumas mensagens televisivas e, segundo fontes do partido, podem ser usadas parcialmente no restante da campanha, enquanto o partido decide se apresenta outro candidato à Presidência. EFE
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