Dilma admite desvio de recursos em Petrobras e diz que buscará ressarcimento

  • Por Agencia EFE
  • 18/10/2014 20h58

Brasília, 18 out (EFE).- A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) admitiu neste sábado que houve desvio ilegal de recursos na Petrobras, denunciada por supostamente beneficiar partidos políticos da base aliada, e se comprometeu a buscar o ressarcimento desse dinheiro.

“Se houve desvio, o queremos (o dinheiro) outra vez. Se houve, não. Houve”, disse em entrevista coletiva concedida no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde a governante descansou após cancelar compromissos políticos de campanha.

Dilma, que disputa o segundo turno contra Aécio Neves (PSDB), afirmou que tomará “todas as medidas para ressarcir tudo”, mas alertou que sem uma decisão da Justiça “ninguém sabe o que deve ser ressarcido”.

Segundo as investigações, 3% do orçamento dos contratos da Petrobras era desviado para financiar as campanhas eleitorais de partidos políticos da base aliada ao governo, entre eles o PT.

Os delatores, que confessam à Justiça em troca de uma redução de pena, são o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o empresário Alberto Youssef, proprietário de uma casa de câmbio que supostamente administrava os fundos.

Dilma ressaltou que “a chamada delação premiada, na qual estão os dados mais importantes, não foi entregue a nós. Eu a pedi ao Ministério Público e ao Supremo (Tribunal Federal), mas ambos dizem que tudo corre sob sigilo”.

Apesar da oposição se valer do escândalo para atacar a petista na campanha eleitoral, um dos recentes relatos à Justiça do ex-diretor apontou que Sergio Guerra, ex-presidente do PSDB e morto em março, recebeu propinas.

Segundo o relato de Paulo Roberto Costa, Guerra recebeu dinheiro para que a oposição desistisse da criação de uma Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) para analisar no Congresso as denúncias da Petrobras.

“Isso não é bom. Não vou a comemorar nada. O pau que bate em Chico também bate em Francisco”, comentou a presidente da República ao ser questionada sobre o escândalo, que inicialmente afetava ao PT e agora também se aplica à oposição.

Na sexta-feira, a Petrobras comunicou que criava comissões internas para “averiguar indícios contra a empresa” relacionados ao processo do escândalo, da mesma forma que Dilma enfatizou que “procura” medidas para ressarcir os danos.

Depois que Aécio anunciou neste sábado que denunciará a campanha de Dilma por ter sido acusado de ter postura “antifeminista”, a governante afirmou que ela ou a ex-candidata Luciana Genro (PSOL) são as que deveriam levá-lo à Justiça as chamar de “insensatas”.

“Ele quer ir à Justiça, mas quem deveria denunciá-lo somos nós, ele que nos chamou de insensatas. Uma coisa que não se faz. Não é certo contra as mulheres”, disse.

A governante minimizou as decisões da Justiça Eleitoral de retirar algumas propagandas de sua campanha por “ataques pessoais” contra Aécio e aproveitou para questionar o rival por sua proposta de reavaliar a política industrial de conteúdo local.

No primeiro turno das eleições, no dia 5 de outubro, Dilma terminou em primeiro lugar com 41,5% dos votos, seguida por Aécio, com 33,5%. Institutos de pesquisas apontaram recentemente que ambos estão tecnicamente empatados para o segundo turno. EFE

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