Dilma aposta em diálogo para superar crise política, diz Edinho Silva

  • Por Agencia EFE
  • 11/08/2015 15h01

Eduardo Davis.

Brasília, 11 ago (EFE).- O governo de Dilma Rousseff aposta no diálogo com todos os setores do país para superar a grave “crise política” que “contamina” a economia, disse nesta terça-feira o secretário de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, em entrevista à Agência Efe .

O clima político no Brasil piorou muito nos últimos meses po0r conta do escândalo de corrupção na Petrobras, que atingiu vários partidos da coalizão de governo e grandes empresas privadas do país.

A investigação avançou em meio a um processo de deterioração da economia, que, segundo as projeções do governo, contrairá neste ano cerca de 1,5%, o pior resultado em 25 anos, com um crescimento da inflação e do desemprego, provocados pela queda no consumo.

Essa situação deu força aos setores oposicionistas, que endureceram o discurso e convocaram para o próximo domingo um grande protesto contra o governo, semelhante aos realizados em março e abril, que levaram milhares de pessoas às ruas.

“O governo observa esses movimentos e as manifestações que possam acontecer com naturalidade e com respeito às críticas da sociedade”, explicou o ministro sobre essa convocação.

Segundo Silva, “o governo tem que se dedicar a governar” e a criar as condições necessárias para uma rápida recuperação da economia nacional, que, para ele, começará a retomar o rumo quando as medidas do ajuste fiscal começarem a surtir efeito.

O ajuste das contas públicas implica um forte corte de gastos e também um aumento da arrecadação pela via tributária.

No entanto, muitas das medidas contempladas nesse plano devem ser aprovadas pelo Congresso, onde encontram resistência, inclusive em partidos que integram a coalizão de governo.

“O problema é político”, disse Silva à Efe, que indicou que a presidente Dilma aposta em um profundo e contínuo diálogo com o parlamento para superar essas dificuldades.

Silva citou como exemplo um jantar oferecido ontem à noite pela presidente aos 43 senadores da base governista, no qual também participaram 21 dos 39 ministros, e onde insistiu na necessidade das medidas de ajuste serem aprovadas com rapidez.

O ministro garantiu que esse diálogo também ocorre no Congresso com setores da oposição que “são estadistas e contribuem para o jogo democrático”.

No entanto, Silva ressaltou que na oposição existem outros grupos que “só querem o pior”, o que dificulta o diálogo pois “só se pode dialogar com quem quer conversar”.

Todo esse clima repercutiu negativamente na percepção que os brasileiros têm de Dilma, cuja taxa de aprovação, segundo pesquisas recentes, se situa em cerca de 8%, e com rejeição de quase 70%.

No entanto, para Silva, o governo recuperará sua imagem na medida em que a crise econômica começar a ser superada, o que deverá acontecer a partir do ano que vem, de acordo com os cálculos das autoridades econômicas.

Na opinião do ministro, superar a crise política transmitirá uma mensagem de confiança aos investidores tanto nacionais como estrangeiros e ajudará na recuperação da atividade econômica.

“O Brasil tem uma grande capacidade para atrair investimento privado, o que ajudará a corrigir os desequilíbrios” econômicos, disse Silva.

O ministro também afirmou que os setores minoritários da oposição que insistem em submeter Dilma a um julgamento político por uma suposta responsabilidade do governo no esquema de corrupção na Petrobras estão “destinados” ao fracasso.

“Um processo de cassação não se instaura pela mera vontade política de alguns. A Constituição diz que tem que haver fortes razões jurídicas, e elas não existem”, sustentou Silva. EFE

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