Dilma e Durão Barroso defendem conclusão do acordo UE-Mercosul
Eduardo Davis.
Brasília, 18 jul (EFE).- A presidente Dilma Rousseff, e o presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, voltaram a defender nesta sexta-feira a conclusão das árduas negociações para um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
A governante recebeu Durão Barroso para uma reunião privada no Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília, e embora nem um nem outro tenha falado à imprensa, fontes oficiais disseram à Efe que Dilma reiterou “seu interesse em que haja um acordo”.
Dilma afirmou que o interesse é partilhado pelo resto dos países do Mercosul, que mantêm uma “forte vontade” de avançar nas conversas, que se arrastam sem sucesso desde 1999.
O político português comentou sua percepção sobre essa negociação em discurso que pronunciou na Universidade de Brasília (UnB), na ocasião de receber um doutorado honoris causa da instituição em reconhecimento a seu “notável esforço” em favor das relações entre o Brasil e a UE.
“A União Europeia e o Mercosul estão namorando há 15 anos”, afirmou Durão Barroso na UnB e apontou: “Não será o momento de oficializar essa relação? Estou convencido de que sim”.
Na sua opinião, “um acordo de associação constituiria um verdadeiro investimento para o futuro” tanto para o bloco comunitário como para o Mercosul.
Segundo o político lusitano, “estudos independentes demonstram que um acordo com a UE representaria para os países do Mercosul um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem dos US$ 5 bilhões e um aumento de suas exportações para a Europa próximo a 40%”.
Durão Barroso exaltou o “papel de liderança” do Brasil no bloco sul-americano, também composto por Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, embora este último país não participa das discussões com a UE.
Nesse sentido, assegurou que na UE “sabem” que “o Brasil quer avançar rumo a um acordo comercial”, mas também que “não decide sozinho e que os ritmos dos outros membros do Mercosul são diferentes”.
No entanto, advertiu que “não se pode perder tempo”, pois caso contrário “podemos chegar por último” na corrida para constituir novas associações que ajudem a fortalecer o comércio global.
A visita de Durão Barroso ao Brasil, que irá até a próxima segunda-feira, foi interpretada como uma despedida antes que deixe o cargo que exerce desde novembro de 2004.
Durão Barroso entregará a presidência da CE ao luxemburguês Jean-Claude Juncker, que nesta semana foi eleito para presidir a CE durante o próximo quinquênio.
Após suas atividades em Brasília, Durão Barroso continuará sua visita ao país no Rio de Janeiro, onde amanhã se reunirá com o prefeito Eduardo Paes e visitará o projeto Porto Maravilha, uma obra que visa a revitalizar a zona portuária carioca para os Jogos Olímpicos de 2016.
Também conhecerá o Museu do Mar e a galeria Casa Daros, um espaço voltado à divulgação da arte latino-americana, que conta com um acervo de 1.200 obras, entre pinturas, vídeos, fotografias e esculturas.
Durão Barroso retomará sua agenda oficial na segunda-feira, quando participará de um seminário sobre as relações entre o Brasil e a UE na Fundação Getúlio Vargas e almoçará com representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Os empresários já anteciparam que darão forte apoio às negociações entre o Mercosul e a UE, cuja lentidão atribuem a supostas barreiras impostas pela Argentina. EFE
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