Dilma nega que Banco dos Brics tenha nascido contra qualquer coisa

  • Por Agencia EFE
  • 15/07/2014 20h48

Fortaleza, 15 jul (EFE).- A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que o Banco de Desenvolvimento dos Brics e o Fundo de Reservas criados nesta terça-feira na VI Cúpula do grupo não “nascem contra ninguém, mas a favor de nós mesmos”.

Essa foi a resposta, indireta, às vozes que apontam para a possibilidade dessas instituições terem sido criadas contra o FMI e o Banco Mundial, controlados pelos Estados Unidos e pela Europa.

Apesar da formalização do chamado Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma disse, em entrevista coletiva em Fortaleza logo depois da sessão plenária da Cúpula, que os Brics continuam pendentes da reforma do FMI.

“Estamos pendentes da reforma do FMI porque a representatividade atual não garante que estejam representadas as economias emergentes com seu poder econômico real”, comentou Dilma, que sugeriu a revisão das cotas de poder da entidade financeira.

No entanto, lembrou, a criação do Banco de Desenvolvimento “não é uma resposta a isso, é uma resposta as nossas necessidades, e demonstra que vivemos em um mundo multilateral”.

Perguntada sobre a possibilidade de o banco emprestar dinheiro a terceiros estados, especialmente à Argentina, Dilma assinalou que o grupo está “aberto para ver o que pode passar com os países de fora, mas ainda não está decidido”.

A Índia terá a primeira presidência rotativa da entidade. “Todos nos consideramos que era justo a primeira presidência ficar com o país que propôs”.

O Brasil ocupará esse posto rotativo em seguida, por ter sido a nação que sugeriu a criação do Fundo de Reservas e depois a presidência será assumida por Rússia, África do Sul e China, nessa ordem.

Segundo Dilma, a Índia e Brasil foram os dois países que buscaram o consenso com o resto dos membros do fórum dos Brics.

O principal responsável pelo conselho de governadores será designado pela Rússia, e a cabeça do conselho de Diretores será proposta pelo Brasil.

A sede da instituição ficará em Xangai e o escritório regional primeiro em Johanesburgo, em seguida Brasil, Rússia e Índia.

Diante do questionamento do risco de a China se tornar hegemônica na instituição, Dilma lembrou que essa opção não existe já que todos os países vão apresentar um capital idêntico.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também mencionou a possibilidade de novos países se integrarem ao Banco no futuro, e afirmou que nesse cenário os membros fundadores terão pelo menos 55% do capital pelo menos.

Dilma reconheceu uma desaceleração das economias dos Brics, mas rebateu o murmúrio de que a liderança das taxas de crescimento tenha retornado aos países desenvolvidos.

“A tese que aponta que os países dos Brics vão passar o bastão da liderança das taxas de crescimento mundial aos países desenvolvidos foi um pouco precipitada. A recuperação ainda é modesta, embora preferisse que fosse mais robusta, porque beneficiaria todos os países do mundo”, acrescentou.

Após a entrevista coletiva, Dilma viajou para Brasília, onde amanhã os líderes dos Brics se reunirão com os presidentes da Unasul em um encontro inédito. EFE

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