Dilma viaja ao futuro no Vale do Silício e se esquiva do presente no Brasil
Teresa Bouza.
San Francisco, 1 jul (EFE).- A presidente Dilma Rousseff se encantou nesta quarta-feira com sua “viagem ao futuro” no Vale do Silício, na Califórnia, onde concluiu uma visita oficial aos Estados Unidos que também a levou a Nova York e Washington e na qual não conseguiu se distanciar do difícil clima político no Brasil.
“Acabei de voltar do futuro”, disse Dilma em entrevista à imprensa após um breve passeio em um dos veículos autônomos desenvolvidos pela empresa tecnológica Google.
A presidente brasileira viveu “uma experiência fantástica”, conforme ela mesma descreveu, a bordo do veículo autônomo do Google depois de se reunir com o presidente-executivo da empresa, Eric Schmidt, na sede central da companhia em Mountain View, no coração do Vale do Silício.
“O mundo vai mudar nesta área (do transporte)”, declarou Dilma para a imprensa, ao também destacar que os veículos autônomos, que ainda estão em fase de testes, têm um enorme potencial para tornar o transporte público “mais seguro e eficaz”.
O Google anunciou hoje, durante a visita da presidente brasileira, sua intenção de ampliar seu centro no Brasil, que fica na cidade de Belo Horizonte e conta com mais de 100 engenheiros, um número que a empresa espera mais que duplicar.
A companhia tecnológica tem quase 700 funcionários no Brasil, divididos entre os escritórios de Belo Horizonte e suas instalações em São Paulo.
“É uma visita muito oportuna, justo duas semanas antes de comemorarmos nosso décimo aniversário no Brasil”, disse hoje Schmidt em comunicado.
O presidente-executivo do Google também destacou que o Brasil tem “um enorme potencial para inovar em nível global nos próximos anos”.
Além de visitar a sede do Google, Dilma se reuniu hoje com a presidente da Universidade da Califórnia, Janet Napolitano, visitou o centro de pesquisa Ames da Nasa e o laboratório de desenvolvimento e pesquisa SRI.
Sua passagem pela Califórnia incluiu também um almoço de trabalho na Universidade de Stanford, organizado pela ex-secretária de Estado no governo de George W. Bush Condoleezza Rice, no qual participaram representantes de firmas de capital de risco e grandes empresários, como o cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
Além disso, a agenda da chefe de Estado brasileira incluiu um encontro com altos executivos do setor aeroespacial, entre eles o diretor de tecnologia da Boeing, John Tracy, o presidente para a América Latina da Honeywell, Ben Driggs e Rudolfo Bryce, vice-presidente de vendas para a América Latina da GE Aviation.
No entanto, durante sua viagem aos EUA, Dilma não conseguiu se distanciar do difícil clima político no Brasil e teve que fazer frente a muitas perguntas sobre este tema.
Dilma evitou fazer comentários sobre questões polêmicas como seu baixíssimo índice de popularidade, que caiu para 9% de acordo com a última pesquisa do instituto CNI Ibope.
“Não comento pesquisa. Nem quando sobe, nem quando desce”, limitou-se a dizer em resposta às perguntas da imprensa após sua visita a sede do Google.
A chefe de Estado também evitou responder às críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse nesta semana que o governo vive uma crise “preocupante” e “dramática”.
“Meu querido presidente Lula tem todo direito de fazer as críticas que ele quiser, especialmente a mim”, afirmou a presidente, que acrescentou que está pronta para retornar à dura realidade de seu país.
“Vai ser difícil porque são 11 horas de viagem, mas gosto muito do meu país”, declarou Dilma, que também disse que o difícil clima político do Brasil faz com que ela tenha que se “dedicar ainda mais para resolver os problemas, que necessariamente existem em um governo”.
No mais, a presidente brasileira definiu sua visita aos Estados Unidos como “muito produtiva”.
Dilma Rousseff aproveitou a viagem para melhorar sua relação com o presidente Barack Obama, após quase dois anos de tensões, e anunciou um ambicioso plano para o uso de energias renováveis com o qual pretende impulsionar as negociações globais sobre a mudança climática.
Em outubro de 2013, a presidente cancelou uma visita de Estado que faria aos EUA por causa das revelações de que ela tinha sido vítima da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) americana.
“Esta visita (aos Estados Unidos) representa um relançamento de nossa relação”, disse Dilma em entrevista coletiva realizada ontem após seu encontro com Obama. EFE
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