Diminuição de geleiras é um dos efeitos mais graves do aquecimento global

  • Por Agencia EFE
  • 06/12/2014 10h11
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Mónica Martínez.

Lima, 6 dez (EFE).- A redução das geleiras se acelera rapidamente em diferentes partes do mundo por causa do aquecimento global, o que representa uma grave ameaça de inundações e desastres naturais, além da perda de espécies e do acesso à água natural.

Em uma cadeia de nevados tropicais, como a Cordilheira Branca do Peru, a diminuição foi de 22% entre 1970 e 2003, e no mar de Amundsen, a oeste da Antártida, a perda anual foi de 83 bilhões de toneladas de gelo desde 1992.

As montanhas ocupam 24% da superfície terrestre e abrigam 1,2 bilhão de pessoas a seus pés.

Metade da população assentada nas regiões montanhosas dos países em desenvolvimento sofre de fome crônica e a maioria vive em extrema pobreza, o que agrava a situação social causada pelo degelo das geleiras, explicou à Agência Efe a porta-voz do programa “Homem e Biosfera” da Unesco, María Rosa Cárdenas.

“A montanha é um regulador do clima, é um regulador das correntes de vento, dos fluxos de água, e pode dar certa proteção contra os riscos naturais”, comentou Cárdenas.

“A situação em outras partes do mundo é semelhante a que se vê na América Latina, uma diminuição das geleiras e perda da massa, o que está contribuindo muito para um dos principais problemas, que é a aparição de lagos de origem geleira”, acrescentou Cárdenas.

Estes lagos têm um grande volume de água, originada de uma geleira derretida, mas em um lugar instável e que rapidamente transborda e pode gerar “danos enormes” nas povoações, como inundações repentinas, exemplificou a especialista.

Este programa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura apresentou em Lima, durante a Conferência sobre Mudança Climática das Nações Unidas (COP20), uma exposição de imagens de satélite sobre o estado das geleiras no mundo em consequência da mudança climática.

A exposição “Os impactos da mudança climática nas regiões montanhosas do mundo” mostra 23 imagens da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial, a Agência Espacial Europeia e o Serviço Geológico dos Estados Unidos em painéis instalados na prefeitura de Lima.

Cárdenas assinalou que só em uma das 23 geleiras analisadas, situada na Noruega, houve retrocesso na diminuição da massa geleira.

“Há geleiras que em 10 anos retrocederam um ou dois quilômetros, mas em outras geleiras podemos ver um retrocesso muito maior em 50 anos”, disse.

“É um pouco difícil falar do que está se passando em nível mundial, de quantos quilômetros estão retrocedendo porque nem em nível mundial nem regional podemos dar um número exato”, acrescentou.

No caso das geleiras tropicais, o monitoramento registrou retrocessos importantes, como o nevado Quellcaya, na região peruana de Cuzco, onde sua principal geleira, Kori Kari, retrocedeu 1,2 quilômetro em 1978 e em 2008.

O terreno que rodeia as geleiras costuma ter rochas soltas e esta instabilidade piora quando há sismos, como no Peru.

Nos povoados da Cordilheira Branca pelo menos 30 mil pessoas morreram em 30 catástrofes naturais ocorridas entre 1941 e 2005, de acordo com os estudos divulgados pela Unesco.

Já em uma zona da Antártida, o ritmo de derretimento das geleiras triplicou na última década, segundo um estudo da Universidade da Califórnia em Irvin e do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa.

As geleiras no mar de Amundsen, ao oeste da Antártida, perderam 83 bilhões de toneladas anuais desde 1992, e o ritmo de derretimento subiu para 16,3 bilhões de toneladas anuais desde 2003, apontou a pesquisa divulgada em Lima.

Parte das consequências da perda das geleiras é a necessidade de readaptação da quantidade de água que poderemos contar para beber ou usar na agricultura, assim como para gerar energia. EFE

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