Diretor do CBIE sugere redução de investimentos para aliviar contas da Petrobras

  • Por Jovem Pan
  • 07/02/2015 10h28
FÁBIO MOTTA/AGÊNCIA ESTADO/AE Adriano Pires Adriano Pires

Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), economista e professor da UFRJ, falou à Jovem Pan sobre a escolha de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras, o futuro da estatal em meio à crise financeiras e denúncias de corrupção que enfrenta e o aumento de tarifas do governo.

Mudança

Pires avalia que a troca de comando na Petrobras “frustrou o mercado” e vê esta sexta (06), quando da nomeação de Bendine, como um “dia de trapalhadas do governo”. Seria um exemplo o anúncio do nome do substituto de Graça Foster antes mesmo de ele ser votado no conselho da empresa, passando por cima dos sócios minoritários da companhia de capital misto.

Além disso, o professor acredita que o nome de Bendine “representa o continuísmo”. Esperava-se que Dilma reconhecesse o tamanho da crise da Petrobras, da mesma forma que reconheceu o tamanho da crise da economia e nomeou Joaquim Levy, disse Pires.

Essa “série de trapalhadas” “deixa o mercado assustado com o futuro da Petrobras”, analisou.

Primeira tarefa

O economista considera que a primeira tarefa de Bendine é montar uma nova diretoria da Petrobras e aresentar balanço auditado até julho. Além disso, ele sugere à empresa expor um “plano de negócios consistentes”, em que se diminuia os investimentos da Petrobras, levando em consideração a dívida da empresa e a redução do preço do barril pela metade.

Outra proposta de Pires é um “plano de venda de ativos para tirar a Petrobras de setores que só trazem problemas para a empresa”.

Tarifaço

Em meio a esse cenário, Pires considera um exagero os aumentos anunciados pelo governo neste início de ano na energia e na gasolina, por exemplo, o chamado “tarifaço”.

“Da mesma forma que (o governo) foi autoritário ao diminuir 18% a tarifa de energia, está sendo autoritário neste tarifaço”, compara. “É exagerado o aumento; é necessário, mas deveria ser feito de outra forma, conversando mais com a sociedade”, propôs.

Tais medidas, na perspectiva do economista, podem levar à inadimplência e a movimentos de protesto.

Adriano Pires ainda falou sobre como o país pode se aproveitar de todas essas denúncias que envolvem uma das maiores empresas do país.

“A gente tem que aproveitar essa confusão toda de lava jato, de crise, para refundar um pouco esse país”, sugeriu, citando mudanças nos métodos de licitação de obras, por exemplo.

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