Diretor do Hospital São Paulo justifica doentes sem leito: “seria mais inadequado deixar sem atendimento”
Crise financeira e o aumento de demanda devido à dengue explicam casos de pacientes em macas e cadeiras, afirma superintendente do Hospital São Paulo.
José Roberto Ferraro confirma o quadro revelado pela Jovem Pan quanto ao conforto dos doentes e a falta de material básico para os funcionários.
O Superintendente do Hospital São Paulo enfatiza que há cerca de um ano enfrenta um problema de stress orçamentário com prejuízo ao atendimento.
Falando a Helen Braun, José Roberto Ferraro enfatiza que apesar dos cortes de despesas, a receita é insuficiente e obriga o apelo ao endividamento.
“Vou ao banco, pego dinheiro para cobrir o déficit, mas, quando eu faço isso, eu acrescento nas minhas despesas as parcelas que eu tenho que pagar o banco, fora o dinheiro com que eu tenho que comprar remédio, comprar comida, lençol, catéter, agulha, etc”, disse.
O Superintendente do Hospital São Paulo salienta que Município, Estado e União têm dado o apoio possível para as demandas da instituição.
José Roberto Ferraro defende mais atenção de outras cidades aos seus pacientes para evitar que eles sejam atendidos precariamente na Capital.
“O município põe o doente na ambulância, para na esquina, desce e vem; daí quando acaba a última maca, a gente usa a primeira cadeira e, quando usa a primeira cadeira, nós somos julgados por estar atendendo mal”, afirmou Ferrar. “E é até verdade, porque não é adequado deixar o doente nem em maca nem cadeira”, confessa. “Mas o doente está chegando na porta; seria mais inadequado, do meu ponto de vista, negar o atendimento”, argumentou.
José Roberto Ferraro salienta que a reorganização dos sistemas de saúde no País permitiria que só casos de alta complexidade chegassem ao hospital.
O Superintendente do Hospital São Paulo salienta que as estatísticas mostram os desperdícios de tempo e material com doenças muito simples. “Os menos graves, que poderiam ser atendidos em unidades menos complexas, perfazem 60%, 62% de nossos atendimento.”
José Roberto Ferraro salienta que problemas similares vivem quase todos hospitais de alta complexidade com atendimento pelo SUS. Ele pontua que mais organização no sistema brasileiro de saúde permitiria a supressão muito rápida do deficit superior a 2 milhões de reais no hospital São Paulo.
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