Discussão no Conselho de Segurança continua a ser diálogo de surdos

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2014 21h24
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Nações Unidas, 6 mar (EFE).- A discussão da crise da Ucrânia no Conselho de Segurança da ONU voltou a ser nesta terça-feira um diálogo de surdos entre Rússia de um lado e Estados Unidos e outros países ocidentais de outro, com uma repetição de argumentos e sem avanços.

Apesar disso, após a quarta reunião do organismo desde sexta, o embaixador britânico, Mark Lyall Grant, considerou que a discussão no Conselho de Segurança “tem valor”, já que o organismo é o principal encarregado de discutir sobre as ameaças à paz e à segurança internacionais.

Além disso, Lyall Grant, em declarações após a reunião, reforçou que o Conselho é “uma plataforma de discussão” que deve ser mantida inclusive se não houver expectativas de acordo.

Os 15 membros do Conselho de Segurança, reunidos a portas fechadas, escutaram uma exposição da situação feita pelo subsecretário-geral das Nações Unidas, Jan Eliasson, que falou por videoconferência direto de Kiev.

Eliasson explicou suas reuniões com o presidente e o primeiro-ministro interinos da Ucrânia, assim como dom diferentes líderes religiosos, e destacou a “contenção” das autoridades de Kiev, informou a ONU.

Acrescentou que a situação na capital é estável, mas que há “informações preocupantes” de outras partes do país, sobretudo na Crimeia, como o bloqueio de bases militares ucranianas por pessoas armadas e sem insígnias ou a tentativa, na quarta-feira na Crimeia, de intimidar o diplomata Richard Serry, enviado do secretário- geral da ONU, Ban Ki-moon.

A reunião do Conselho de Segurança aconteceu após a cúpula da União Europeia em Bruxelas, que impôs as primeiras sanções à Rússia e prometeu ajuda à Ucrânia, e de outro pronunciamento do presidente americano, Barack Obama, que advertiu Moscou de que os Estados Unidos e seus aliados se manterão “firmes” após o novo passo que a convocação do referendo da Crimeia representa.

A apresentação de Eliasson foi “muito preocupante”, afirmou após a discussão a embaixadora americana, Samantha Power, que considerou “inaceitável” o tratamento que o holandês Serry recebeu, ele foi ameaçado por homens armados e uniformizados e hoje voltou para Kiev.

Power afirmou que a discussão de hoje mostrou que a “Rússia se encontra extremamente isolada”, e afirmou que, além da falta de um mínimo entendimento no Conselho, “há utilidade em se reunir e destacar o alcance do isolamento da Rússia”.

A reunião desta quinta-feira do Conselho não pareceu mostrar nenhum tipo de evolução na situação, com a Rússia defendendo sua atuação como uma defesa dos direitos humanos dos russófonos da Ucrânia, enquanto Estados Unidos e Reino Unido mantiveram suas críticas à atuação do Kremlin em solo ucraniano.

O embaixador russo, Vitaly Churkin, destacou após a discussão o colaboracionismo com os nazistas do partido nacionalista ucraniano Svoboda para justificar o temor a perseguições e violência contra os russófonos da Ucrânia.

Também se aferrou à acusação de que havia franco-atiradores da oposição nos protestos de Kiev de há duas semanas em que houve dúzias de mortos e centenas de feridos.

Churkin lembrou a informação dada ontem pela televisão russa “RT”, que citou um telefonema interceptado entre o ministro das Relações Exteriores da Estônia, Urmas Paet, e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, na qual o primeiro sugere que franco-atiradores de Kiev foram contratados pela oposição.

Já o britânico Lyall Grant cobrou que a Rússia se decida a cooperar com as autoridades ucranianas porque “há uma necessidade urgente de frear a crise”.

Tanto Lyall Grant como Power insistiram na ilegalidade do referendo anunciado nesta quinta-feira na Crimeia para ser realizado dentro de dez dias e assinalaram que seus governos não reconhecerão os resultados.

“Esse referendo é ilegal e desestabilizador”, afirmou o diplomata britânico. EFE

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