Disputas no Mar da China Meridional dominam início da Cúpula da Asean
Bangcoc, 4 ago (EFE).- Os ministros das Relações Exteriores do Sudeste Asiático se reuniram nesta terça-feira na Malásia para preparar a integração econômica da região em uma cúpula que deve ser dominada pelas disputas territoriais no Mar da China Meridional.
O encontro de três dias dos chanceleres dos dez países-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) será realizada enquanto a China continua com a construção de várias estruturas, inclusive instalações militares, em vários recifes da região.
Isto provocou uma escalada da tensão no Mar da China Meridional, que Pequim reivindica quase em sua totalidade, mas no qual países-membros da Asean – Vietnã, Filipinas, Brunei e Malásia – também exigem a soberania de várias áreas, potencialmente ricas em petróleo e gás.
Os ministros de Asean abordarão a disputa em uma reunião dedicada a segurança à qual também foram convidados o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi; o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e os chanceleres de Rússia, Japão e Coreia, entre outros.
Antes de viajar para Kuala Lumpur, Wang rejeitou qualquer pressão exterior para deter os trabalhos de construção nestas ilhas e se mostrou contrário a debater esta questão na cúpula.
“A China nunca acreditou que um fórum multilateral seja o lugar adequado para discutir disputas bilaterais específicas”, disse o chefe da diplomacia chinesa ontem à noite em Cingapura.
Já o porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner, disse ontem que as tensões no Mar da China Meridional serão debatidas na reunião na qual “questões de segurança devem ser planejadas e discutidas”.
A expectativa é que durante a reunião Washington inste Pequim a deter a reivindicação de ilhas em áreas cuja soberania esteja em disputa, um pedido ao qual as Filipinas anunciram que dariam seu apoio.
O ministro das Relações Exteriores filipino, Albert del Rosario, disse em seu discurso hoje que as Filipinas estão dispostas a contribuir para diminuir a tensão se a China e outros países com reivindicações na região se submeterem às mesmas condições.
“As Filipinas dão pleno apoio e promoverão ativamente o pedido dos EUA” para suspender as reivindicações, a construção e as ações agressivas que possam agravar as tensões, ressaltou Rosario, segundo o texto de seu discurso distribuído por seu Ministério.
A China, que na semana passada acusou os EUA de promover a “militarização” da região com a organização de manobras conjuntas com as Filipinas, se mostrou contrária a debater estas questões na reunião, e instou Washington a manter-se fora da discussão.
Por sua parte, o ministro das Relações Exteriores malaio, Anifah Aman, afirmou que houve “progressos” nas conversas entre a Asean e a China para a assinatura de um código de conduta que evite o conflito no mar.
“A Asean pode e deve desempenhar uma parte vital em propiciar um acordo amistoso. Um que respeite a dignidade de cada nação”, disse Anifah em seu discurso no início da reunião, segundo o texto fornecido pela organização.
“Sobretudo devemos ser vistos enfrentando estas questões de forma pacífica e cooperativa. Fizemos um início positivo. Mas devemos fazer mais”, acrescentou o diplomata malaio.
Além das disputas territoriais, a previsão é que os ministros da Asean também abordem o tráfico de pessoas na região, depois que em maio explodiu uma crise de refugiados no golfo de Bengala, a maioria deles membros da minoria rohinyá, perseguida em Mianmar.
No discurso inaugural, o primeiro-ministro malaio, Najib Razak, pediu a promoção de políticas sustentáveis e inclusivas para reduzir as diferenças econômicas entre os membros do grupo, que preveem concluir sua integração econômica no final do ano.
“Os dez países-membros se encontram em períodos distintos, e reduzir estas diferenças não é algo opcional”, disse Najib em seu discurso, segundo o jornal “The Star”.
“É essencial se queremos construir uma Asean realmente integrada, razão pela qual a inclusão e a sustentabilidade devem estar no coração de nossas políticas”, acrescentou o primeiro-ministro malaio.
A Asean prevê aprovar esta integração na cúpula anual do final de ano e na qual, segundo Najib, também se adotará o roteiro que o bloco regional se propõe a seguir nos próximos dez anos.
A Malásia ostenta em 2015 a presidência rotatória da Asean, da qual também são membros Mianmar, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Cingapura, Tailândia e Vietnã. EFE
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