Dissidentes cubanos recusam convite a encontro privado com Kerry

  • Por Agencia EFE
  • 14/08/2015 21h38
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Havana, 14 ago (EFE).- Alguns dissidentes cubanos, como a líder do movimento Damas de Branco, Berta Soler, e o opositor Antonio González-Rodiles, recusaram nesta sexta-feira o convite para comparecer a uma reunião privada com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que está de visita em Cuba.

Ambos, junto com outros dissidentes, foram convidados a um encontro na residência do chefe de negócios da embaixada dos Estados Unidos em Havana, Jeffrey DeLaurentis, onde também seria hasteada a bandeira americana, depois da cerimônia de inauguração da embaixada na capital cubana, à qual não foram convidados representantes da sociedade civil nem opositores.

Berta Soler, explicou à Agência Efe que não compareceu ao ato porque vê como negativo que o governo dos EUA convide os dissidentes para um evento que não seja a cerimônia oficial da abertura da embaixada e “ceda” às “exigências” do governo cubano.

Segundo Soler, o convite era para um ato no qual “simplesmente seria hasteada uma bandeira” e ninguém garantiu que teriam a oportunidade de fazer uma “reunião de trabalho” com Kerry para falar “abertamente sobre democracia e direitos humanos na ilha”.

A líder das Damas de Branco, grupo formado pelas esposas e filhas dos presos políticos do grupo dos 75 detidos na “Primavera Negra” de 2003, afirmou é mais importante trabalhar para preparar as denúncias pela “repressão” à qual ativistas “são submetidas a cada domingo”, quando o grupo organiza manifestações pacíficas.

Soler disse que, nesta sexta-feira, quatro simpatizantes das Damas de Branco foram detidas em Havana quando ergueram um cartaz no qual pediam liberdade para os presos políticos.

O opositor Antonio González-Rodiles, diretor do fórum crítico Estado de Sats, também recusou o convite do governo dos Estados Unidos por considerar “lamentável” que nenhum dissidente tenha podido comparecer à cerimônia oficial da abertura da embaixada, enquanto “o regime cubano convidou a todos quando abriu sua embaixada em Washington, em 20 de julho”.

“Não é compreensível que a Administração do presidente Barack Obama também sofra com a repressão do regime cubano”, disse Rodiles em declarações por telefone à Efe. Segundo ele, os EUA estão “cedendo muito” no processo de restabelecimento de relações com Cuba, “sem exigir absolutamente nada”.

Na quarta-feira passada, o Departamento de Estado confirmou que nenhum representante da sociedade civil seria convidado à cerimônia oficial de abertura da embaixada, mas enviou convites a vários dissidentes para comparecer ao ato privado na residência do chefe da delegação diplomática. EFE

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