Docentes uruguaios fazem greve por não em voto pela diminuição da idade penal
Montevidéu, 16 out (EFE). – Os professores de ensino médio do Uruguai declararam greve nesta quinta-feira para protestar a favor do “não” no plesbicito que no próximo dia 26 levará os cidadãos a votar se querem diminuir a idade de imputabilidade penal e a marchar contra esta controversa iniciativa.
O movimento dos professores se unirá à grande mobilização que a Comissão pelo Não a Baixa, organização que dirige a campanha contra este projeto de reforma constitucional que procura diminuir dos 18 para os 16 anos a idade penal, programa para esta noite no centro da capital uruguaia.
“Paremos durante o turno noturno. A ideia é participar desta marcha que servirá de fechamento da campanha, e decretamos a greve para que todos os professores possam comparecer, da mesma forma que os estudantes, que estão no meio de uma campanha de medo e demagogia e seria bom que fossem em massa para rejeitar esta iniciativa”, declarou à Agência Efe Emiliano Mandacen, presidente da Associação de Docentes de Ensino Ensino médio (ADES).
Conforme explicou, tanto sua associação quanto muitos profissionais do ensino trabalharam desde o início contra esta proposta de reforma, um assunto “chave que criminaliza a juventude, e que por princípios morais e éticos não compartilhamos”.
“O primeiro que queremos combater é a valorização demagógica que faz com esta iniciativa, que põe os adolescentes como responsáveis da violência”, disse ele.
Os uruguaios votarão no próximo dia 26, de forma paralela às eleições gerais, neste projeto de reforma impulsionado pelo Partido Colorado e setores do Partido Nacional, ambos opositores do governo de José Mujica.
Em 2012, a iniciativa recolheu mais de 350 mil assinaturas entre os cidadãos para pedir que fosse feito um plebiscito, como aconselha a legislação uruguaia, no calor de uma crescente preocupação no país com a segurança e após uma série de violentos crimes que envolveram menores de idade.
Além de baixar a idade penal, pede-se que sejam mantidos os antecedentes criminais dos menores após os 18 anos para serem usados caso cometam novos delitos, além de criar um instituto de reabilitação penal específico para menores.
“Esta marcha é fundamental. Estamos a poucos dias da votação e nós queremos fazer todo o possível para que a iniciativa fracasse, pois caso seja aprovada será um retrocesso para o país”, sentenciou o professor.
Mandacen reconheceu que é o Uruguai tem que analisar e discutir “de forma profunda e ética” os problemas de violência que tem, mas sendo consciente de que “isso nasce da desigualdade social que criminaliza particularmente os que nascem em condições desfavoráveis”.
O tema da segurança cidadã foi um dos eixos centrais da campanha política, particularmente para o candidato do Partido Colorado, Pedro Bordaberry, que fez deste plebiscito e das críticas à gestão do governo pela insegurança o cavalo de batalha de sua campanha.
A mais recente pesquisa publicada sobre este assunto na segunda-feira passada revelou que 44% dos uruguaios “têm certeza” de votar pela diminuição e 6% estimam “provável” dar seu voto a favor, enquanto 43% disseram que não votarão. Para que a proposta siga é necessária a aprovação com mais de 50% dos votos. EFE
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