Documentos mostram que Fed demorou a entender magnitude da crise de 2008

  • Por Agencia EFE
  • 21/02/2014 20h42
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Washington, 21 fev (EFE).- O Federal Reserve (Fed) se mostrou incapaz de prever as consequências da quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008 sobre a economia americana e a magnitude da crise que se aproximava, de acordo com as transcrições divulgadas nesta sexta-feira das reuniões do banco central americano durante esse ano.

“Não acho que tenhamos visto uma mudança significativa em nossas perspectivas. Ainda esperamos uma subida gradual do PIB durante o próximo ano”, afirmou Dave Stockton, chefe de previsões do Fed em 16 de setembro de 2008, dois dias depois da quebra do Lehman Brothers.

Pouco depois, no entanto, o Fed e o Tesouro americano decidiam intervir para resgatar com fundos federais a seguradora AIG e evitar maiores contágios.

Na mesma reunião de setembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto, órgão que coordena a política monetária dos Estados Unidos, decidiu deixar as taxas de juros de referência em 2%.

“Acho que nossa política (monetária) parece verdadeiramente bastante boa”, disse Ben Bernanke, então presidente do Fed, rejeitando a conveniência de diminuir os juros.

No entanto, em dezembro o Fed decidiu diminuir abruptamente as taxas de juros de referência para entre 0% e 0,25%, onde atualmente se encontram; e um mês antes, em novembro, começava o primeiro de seus programas de compra de bônus respaldados em hipotecas para reacender o mercado imobiliário.

As transcrições, que tradicionalmente são reveladas com um atraso de cinco anos, mostram ainda que durante esse encontro houve apenas cinco referências à “recessão” frente a 129 menções de “inflação”, o que deixa bem claro quais eram as preocupações dos membros do banco central americano.

A então chefe do Federal Reserve de San Francisco e atual presidente do Fed, Janet Yellen, foi uma das únicas que vislumbrou os problemas que se aproximavam.

“Os mercados trabalhistas estão se enfraquecendo em todas as partes (…) e a interação entre alto desemprego com os mercados financeiros imobiliários eleva o potencial de notícias ainda piores, especialmente uma intensificação do adverso efeito de réplica que tememos e agora estamos experimentando”, disse em setembro Yellen, embora depois tenha votado a favor de manter os juros em 2%.

Três meses depois o comunicado do Fed não deixava lugar a dúvidas ao afirmar que “a recessão seria profunda e prolongada, e que a recuperação seria lenta”.

De fato, a situação se transformaria na “Grande Recessão”, a mais grave desde a “Grande Depressão” da década de 1930. EFE

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