Dois anos depois do massacre de Newtown, muita dor e poucas medidas

  • Por Agencia EFE
  • 13/12/2014 17h51

Mario Villar.

Nova York, 13 dez (EFE).- Dois anos depois do massacre na escola Sandy Hook de Newtown, a dor continua muito presente nesta pequena cidade de Connecticut, mas as medidas para evitar que este tipo de tragédias se repitam não foram adiante.

Em 14 de dezembro de 2012 Adam Lanza, um jovem de 20 anos com problemas mentais, disparou em sua mãe enquanto dormia e em seguida foi fortemente armado para a escola primária que tinha frequentado na infância, onde matou 20 crianças e seis adultos antes de se suicidar.

Foi o segundo tiroteio mais mortífero em uma instituição educacional da história dos Estados Unidos, só superado pelo que em 2007 deixou 32 mortos na Universidade Virgínia Tech.

Amanhã, como há um ano, Newtown lembrará em silêncio o segundo aniversário do drama. Sem atos oficiais e com um pedido para que a imprensa respeite a intimidade das famílias.

“O segundo aniversário, como o primeiro, será observado com reflexão e lembrança pessoal. Não haverá cerimônias formais ou oficiais organizadas pela cidade ou no distrito escolar”, assinalaram em comunicado conjunto a primeira vereadora, Patricia Llodra, e o responsável pelas escolas da região, Joseph Erardi.

A cidade discute atualmente a construção de um memorial para lembrar o drama, e iniciou a construção de uma nova escola, além de debater o que fazer com a casa de Lanza, que foi adquirida pela prefeitura e que pode ser demolida.

Entre as vítimas da tragédia, o trauma continua sendo evidente, como indicam as informações que foram gotejando nos últimos meses sobre vários casos de ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos entre a população.

Nas últimas semanas, alguns pais de crianças mortas no massacre decidiram avançar nos preparativos de um processo por homicídio negligente, publicou o jornal local “Hartford Courant”.

Mês passado um relatório elaborado por um grupo de médicos concluiu que Lanza sofria de graves problemas mentais – ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo, entre outros males- mas ficou sem tratamento nos anos prévios ao massacre.

Seu caso gerou um forte debate nos EUA sobre a necessidade acompanhar melhor este tipo de caso, o que desembocou em algumas, embora por enquanto limitadas, iniciativas no país.

Em Nova York, por exemplo, acaba de ser apresentado um plano de US$ 130 milhões para tentar impulsionar a prevenção e os tratamentos e reduzir ao máximo o número de pessoas com problemas mentais que cometem crimes.

No entanto, o grande debate aberto pela tragédia de Sandy Hook foi, mais uma vez, o do controle de armas.

Segundo a investigação, Lanza utilizou no massacre um fuzil Bushmaster 223 e duas pistolas semiautomáticas, uma Glock e uma Sig Sauer, que sua mãe tinha comprado legalmente.

Apesar das tentativas de muitos grupos e do próprio presidente, Barack Obama, o Congresso se negou a endurecer as leis federais de controle de armas.

Nem a medida que a priori gerava mais consenso conseguiu ser aprovada: ampliar o sistema de verificação de antecedentes para impedir que as armas cheguem a criminosos ou a pessoas com problemas de saúde mental.

“Muitas vezes me perguntam qual foi minha maior decepção como presidente, e minha maior frustração até agora é o fato de que esta sociedade não tenha estado disposta a dar alguns passos básicos para manter as armas longe das pessoas que podem causas danos”, reconheceu Obama.

Diante do bloqueio em escala nacional, vários estados – entre eles o próprio Connecticut, Califórnia e Nova York – atuaram por conta própria depois do massacre de Newtown para reforçar o controle da venda de armas.

“Não podemos ignorar esta simples realidade: muitos tiroteios acontecem porque não foi dada suficiente importância aos riscos associados com a posse de armas. No caso de Adam Lanza, uma arma que estava em casa o permitiu matar 20 crianças e seis adultos”, lembrou o Centro Brady para o Controle de Armas.

A mensagem, no entanto, não parece ter calado fundo na sociedade americana, pois segundo uma pesquisa divulgada esta semana pelo centro de Pesquisas Pew, pela primeira vez em duas décadas há no país mais pessoas que consideram mais importante o direito de ter armas que o controle delas. EFE

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