Dois de cinco maiores bancos manifestam interesse por Banco Postal, diz Correios

  • Por Estadão Conteúdo
  • 14/10/2016 19h27
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Brasil, Brasília, DF. 02/01/2012. Fotos da sala de situação do novo Banco Postal em Brasília. O banco é fruto de parceria entre os Correios e o Banco do Brasil. - Crédito:BETO BARATA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:104026 BETO BARATA/Estadão Conteúdo AE - Sala do Banco Postal em Brasília em 2012

Dois dos cinco maiores bancos do País já manifestaram interesse em assumir o Banco Postal e retiraram o edital para fazerem as propostas, disse o vice-presidente dos Correios, Cristiano Morbach, ao jornal O Estado de S. Paulo. O executivo acredita que, até o fim da próxima semana, outras instituições devem se apresentar a tempo de elaborar uma oferta pelo negócio, criado para aumentar a inserção dos brasileiros no sistema financeiro.

A apresentação das propostas deve ocorrer no dia 11 de novembro. O edital foi feito para também permitir a participação de bancos menores, ao diminuir a exigência de capital das instituições financeiras interessadas no Banco Postal. No entanto, os dois bancos que já retiraram o edital fazem parte do Top 5 de maiores conglomerados.

Morbach disse que a operação será bem-sucedida e contribuirá para melhorar o resultado dos Correios em 2016. O vencedor terá que pagar já neste ano R$ 600 milhões pelo negócio. O mesmo valor terá que ser desembolsado no início do sexto ano da operação – o contrato é de dez anos e poderá ser prorrogado por mais dez. Pela utilização da rede e participação nas tarifas bancárias, os Correios também embolsarão outros R$ 2,4 bilhões ao longo dos primeiros dez anos do contrato.

Os Correios contam com esse reforço no caixa para fechar no azul neste ano. Nos últimos três anos, a estatal registrou rombo, sendo o de 2015 de R$ 2,1 bilhões. O melhor resultado da história dos Correios foi justamente o de 2012, quando o Banco do Brasil assumiu o comando do Banco Postal, num lance de R$ 2,3 bilhões por cinco anos de contrato.

“Temos necessidade de tornar rentável essa rede”, disse o vice-presidente. Com receita em torno de R$ 1 bilhão por ano, o Banco Postal é responsável por 30% do faturamento da rede dos Correios e 7% de todos os negócios da empresa, que tem o monopólio no envio de cartas pessoais e comerciais.

Ele afirma que há “N” possibilidade de ganhar dinheiro com a rede, presente em todos os municípios brasileiros. Cita, por exemplo, a exploração dos serviços de telefonia móvel como operadora virtual, chamada de MVNO (Mobile Virtual Network Operador). No formato, a estatal usará a infraestrutura da operadora contratada, mas com chips da marca Correios. O banco vencedor também poderá ofertar nas agências da estatal outros produtos financeiros, como seguros.

Para Morbach, os bancos criticam o modelo do Banco Postal como estratégia para baratear o negócio. Ele lembra que, embora o avanço dos canais seja uma realidade, a realidade do interior do Brasil é diferente e muitos municípios brasileiros só oferecem serviços financeiros pelos Correios. Segundo o Banco Central, 1 987 cidades não têm agência bancária, mas 1.633 delas possuem um ponto de atendimento, como os Correios, que prestam serviços bancários básicos, como transferências, abertura de contas, saques e recebimento do INSS.

O vice-presidente dos Correios disse que há decisões judiciais a favor dos Correios para que não haja uma equiparação de salário e jornada dos funcionários que trabalham nas agências com Banco Postal e os bancários. Além disso, segundo ele, a empresa também não é obrigada a reforçar a segurança da mesma forma que agências bancárias, com porta com detector de metais e vigilância armada. De acordo com os bancos, essas são duas questões que elevariam consideravelmente os custos da operação.

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