Dólar sobe 1,8% ante real e atinge maior nível em quase 10 anos

  • Por Reuters
  • 04/02/2015 21h43
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Reprodução Dólar - moeda norte-americana

O dólar fechou em alta de 1,78 por cento ante o real nesta quarta-feira, atingindo o maior nível em quase 10 anos, com a persistente queda dos preços do petróleo e a expectativa de que os juros dos Estados Unidos subam em meados deste ano.

No Brasil, o movimento foi acentuado por uma série de operações de compras automáticas de divisas, conhecidas como “stop-loss”. Na avaliação de operadores, houve algum exagero que pode ser corrigido nas próximas sessões, mas não se contempla um cenário em que a moeda norte-americana volte para perto de 2,60 reais.

O dólar subiu 1,78 por cento a 2,7420 reais na venda, maior nível de fechamento desde 23 de março de 2005 (2,749 reais). Na máxima do dia, a divisa alcançou 2,7490 reais.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 900 milhões de dólares.

“Não faltou motivo para o dólar subir hoje. Temos o petróleo, o dado de emprego nos EUA e o fator técnico pesou muito”, disse o operador de câmbio de um importante banco internacional. “A verdade é que não temos fundamento para sustentar um real muito mais forte do que isso”, acrescentou.

Neste ano, a moeda norte-americana acumula alta de mais de 3 por cento sobre o real. Estes ganhos também foram impulsionados por declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que afirmou na sexta-feira passada não haver a intenção de manter o câmbio sobrevalorizado.

Vários analistas estimam que o “valor justo” do dólar em relação ao real deveria ser mais alto do que o atual, devido à deterioração de fundamentos macroeconômicos do Brasil. Na pesquisa Focus do Banco Central, economistas de instituições financeiras estimam que a divisa norte-americana encerre 2015 em 2,80 reais, refletindo também a expectativa de alta dos juros norte-americanos.

“A impressão que eu tenho é que o dólar estava baixo demais e a alta dos últimos dias serviu para corrigir esse desequilíbrio”, disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.

A perspectiva de que os juros dos EUA subam em breve foi reforçada nesta sessão por dados sobre o mercado de trabalho do país. O setor privado norte-americano criou 213 mil postos de trabalho em janeiro, levemente abaixo das expectativas de economistas, mas o resultado foi compensado pela revisão para cima do dado de janeiro, que subiu 12 mil, a 253 mil.

A persistente queda dos preços do petróleo e as preocupações em torno da Petrobras também contribuíram para o mau humor aqui.

Na sessão anterior, notícias sobre mudanças na diretoria da Petrobras haviam alimentado a demanda de investidores estrangeiros pelo papel da estatal e contribuído para reduzir as cotações do dólar.

Nesta manhã, a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, e cinco diretores renunciaram a seus cargos. Novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho Administrativo na sexta-feira.

“Se a nova diretoria tiver de fato um perfil mais técnico, será mais um sinal de que o governo está buscando recuperar a confiança do mercado”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais. Foram vendidos 800 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.200 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 98 milhões de dólares.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a 10,438 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 18 por cento do lote total.

*Bruno Federowski

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