Dom Orani Tempesta, um novo cardeal internauta e dedicado aos pobres
Eduardo Davis.
Brasília, 12 jan (EFE).- O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, conhecido por sua intensa atividade na internet e sensibilidade com os mais pobres, soube neste domingo sobre sua nomeação como cardeal em uma comunidade do Rio de Janeiro.
Dom Orani celebrava neste domingo uma missa na Cruzada São Sebastião, um complexo de edifícios construído no Leblon em 1955 por iniciativa do falecido dom Hélder Câmara, que há 40 anos foi um dos impulsores dos ideais sociais contidos na Teologia da Libertação.
O novo cardeal declarou aos jornalistas sua “surpresa” pela indiação. “Foi providência divina estar aqui num lugar que tem a marca de dom Helder, que trouxe o nome de São Sebastião para cá e que foi uma tentativa de solucionar a questão da moradia”, acrescentou.
Depois da missa, como fez em muitos domingos dos últimos anos em sua condição de arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani repetiu sua rotina de visitar as casas de alguns dos moradores das favelas e bairros populares que sempre apoiou.
“Este anúncio é uma graça de Deus”, disse várias vezes às pessoas que se aproximaram para cumprimentá-lo e felicitá-lo, às quais respondeu parafraseando o papa Francisco: “Peço-lhes que rezem por mim, para seguir servindo à Igreja”.
Dom Orani João Tempesta nasceu em 23 de junho de 1950 em São José do Rio Pardo, cidade do interior do estado de São Paulo, e com 18 anos entrou para o Mosteiro de Nossa Senhora de São Bernardo, que pertence à Ordem de Cister – ou cisterciense.
Estudou filosofia no Mosteiro de São Bento e no Instituto Teológico Salesiano Pio XI, ambos em São Paulo, e 1974, com 24 anos, foi ordenado sacerdote e retornou ao Mosteiro de Nossa Senhora de São Bernardo como vice-Prior.
O cardeal também fez cursos de comunicação e nos últimos anos se tornou um reconhecido adepto das redes sociais, nas quais mantém perfis no Facebook e no Twitter, por onde se comunica de forma constante com os fiéis.
Sua conta no Twitter recebeu inúmeras mensagens neste domingo, inclusive uma da presidente Dilma Rousseff, que disse ter recebido “com alegria” a decisão do papa Francisco.
Em 1997, dom Orani foi designado bispo de São José do Rio Preto pelo papa João Paulo II, e dois anos depois se tornou administrador apostólico da abadia de Claraval, em Minas Gerais.
Foi designado arcebispo de Belém em 2004 e, em 2009, foi nomeado arcebispo do Rio de Janeiro, condição na qual recebeu o papa Francisco em julho do ano passado, para a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a primeira viagem ao exterior do pontífice argentino.
Dom Orani foi um dos promotores de uma visita que o papa fez durante a JMJ ao bairro de Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos, no Rio de Janeiro.
“Tenho o sonho de levar o papa Francisco ao Cristo Redentor e acho que ele receberá muito bem a ideia. Mas outra coisa que quero é levá-lo a uma comunidade pobre, a uma favela”, declarou durante a organização da visita do pontífice.
O arcebispo do Rio de Janeiro foi um dos 19 cardeais nomeados neste domingo pelo papa Francisco e, com sua designação, sobe para dez o número de cardeais do Brasil, considerado o país com o maior número de católicos no mundo. EFE
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