Doria Medina, o persistente candidato que concorre à presidência pela 3ª vez

  • Por Agencia EFE
  • 08/10/2014 16h32

Javier Aliaga.

La Paz, 8 out (EFE).- O candidato de oposição à presidência da Bolívia, Samuel Doria Medina, de 55 anos, enfrenta pela terceira vez o desafio de transformar seu sucesso empresarial em um atrativo político, depois de perder para Evo Morales em 2005 e em 2010.

Candidato da frente conservadora Unidade Democrata (UD), este administrador de empresas nascido em La Paz em 4 de dezembro de 1958, é casado e tem cinco filhos.

Doria Medina quer capitalizar o voto opositor para forçar um segundo turno com o presidente Evo Morales, que busca seu terceiro mandato consecutivo.

Embora apareça nas pesquisas de intenções de voto em segundo na preferência com um apoio entre 13% e 18%, ele está pelo menos 40 pontos abaixo de Morales, Doria Medina afirma que esses dados são falhos e não há nada certo até que sejam abertas as urnas no domingo.

Na votação de 2005, Medina teve 7,8% dos votos, e em 2009 seu desempenho foi de 5,6%, porcentagens que deram ao seu partido, União Nacional (UN), um relativo protagonismo no meio da hegemônica presença da legenda liderada por Morales.

Neste ano, após fracassar na tentativa de reunir toda a oposição em uma só candidatura, Doria Medina se aliou a líderes da direita, como o governador da região de Santa Cruz, Ruben Costas, para formar a frente UD, o que o fez perder o apoio inicial de dirigentes do centro e da esquerda.

Entre seus pontos fortes que defendeu durante a campanha estão seu talento como administrador, sua experiência no campo econômico e a geração de milhares de empregos e de oportunidades econômicas.

Doria Medina chegou a afirmar que o valor de algumas de suas empresas aumentou “500 vezes” sob sua liderança.

Sua carreira empresarial começou em 1987, quando assumiu a Sociedade Boliviana de Cimento, que hoje é a principal produtora do setor, mas da qual Medina é somente acionista.

Durante a campanha, o Ministério da Economia e Finanças afirmou que a fortuna de Doria Medina cresceu de US$ 7 milhões para US$ 85 milhões entre 2006 e 2014, graças à bonança econômica do país.

Ele rebateu que esses números sobre sua riqueza são “incorretos” e disse que só revelerá os balanços verdadeiros em cumprimento à legislação nacional, caso assuma a presidência do país.

Sua vida política começou na universidade. Em 1992, ele assumiu o ministério do Planejamento e Coordenação do governo de Jaime Paz Zamora com a ambição já voltada à presidência.

No entanto, sua vida esteve marcada por dois fatos: ter sido refém por 45 dias em 1995 do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), a quem pagou US$ 1 milhão de resgate, e ter saído ileso em 2005 da queda do pequeno avião em que estava.

Apesar de ter sobrevivido a essas tragédias, o que foi interpretado por seus seguidores como uma predestinação, sua campanha não conseguiu reverter totalmente sua imagem de político sem carisma.

Para combater essa falta de espontaneidade, o candidato encheu sua campanha com gestos que buscavam a cumplicidade dos eleitores, como quando lembrou com veemência que, no dia de seu acidente aéreo, enquanto o pequeno avião caía, soltou um “C…, não posso morrer!”.

Embora Doria Medina tenha conseguido viralizar a frase, ela se voltou contra ele, que foi ridicularizado sem piedade nas redes sociais.

O empresário também surpreendeu ao se unir à campanha do Desafio do Balde de Gelo, que buscava arrecadar fundos para as pesquisas da esclerose lateral amiotrofica, que foi uma febre mundial.

Por ter se atrapalhado ao falar dos tributos que devem ser cobrados das petrolíferas, Doria Medina se viu obrigado a esclarecer que não reduzirá a receita estatal vinda dos tributos cobrados dessas empresas, nem venderá as empresas nacionalizadas, nem deixará de pagar os subsídios que o governo destina atualmente a idosos, estudantes e mulheres grávidas.

Ele também teve que se defender das acusações de que teria encoberto o machismo de um de seus braços direitos em seu partido, o candidato a deputado Jaime Navarro, que finalmente desistiu de concorrer.

Medina afirmou que sua condição de opositor lhe valeu processos do governo por acusações como “terrorismo financeiro”, por criticar Morales, e que derivaram em dezenas de audiências sem resultados e proibições de sair do país durante dois anos.

Mesmo assim, o empresário não abandonou a luta e diz acreditar piamente que desta vez vencerá o pleito.

“Tenho fé de que vou ser presidente, tenho fé de que vou ganhar pela própria concepção de vida que tenho”, afirmou o insistente candidato. EFE

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