East Haven é modelo de reconciliação entre latinos e polícia nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 21/07/2015 14h51
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Washington, 20 jul (EFE).- A cidade de East Haven, que ficou conhecida nos Estados Unidos pelas tensões entre a polícia e os latinos, experimentou nos últimos quatro anos “uma profunda mudança cultural” que transformou sua polícia em um “modelo para todo o país”, disse nesta terça-feira a procuradora-geral americana, Loretta Lynch, à Agência Efe.

Lynch visitou hoje esta comunidade do estado de Connecticut, que durante anos esteve sob a lupa do Departamento de Justiça por causa da sistemática discriminação e do uso excessivo da força da polícia local com os latinos, que são 10,3% da população de uma cidade de apenas 29 mil habitantes.

“Há quatro anos, o Departamento de Justiça averiguou que o departamento de polícia de East Haven incorria em práticas discriminatórias contra os latinos. Nos anos seguintes, como resultado de um claro compromisso para mudar, esta comunidade experimentou uma profunda mudança cultural”, afirmou Lynch.

Agora, os agentes de East Haven incorporaram câmaras em seus uniformes, contam com um serviço de tradutores para se comunicarem com os hispânicos e suas incursões pela “My Country Store”, uma adega que serve de ponto de reunião dos hispânicos, já não desperta angústia e inquietação como há quatro anos.

“Antes revistavam os carros no estacionamento. Sem razão alguma. Mas isso mudou. Nos sentimos mais seguros. É uma ferida que fica, mas pouco a pouco estará curada. Há um agente que sempre nos visita e pede que, diante de qualquer inquietação, o avisemos”, contou à Efe Marcia Chacon, de origem equatoriana e dona do “My Country Store”, que sofreu abusos policiais durante anos.

Além das revistas nas lojas latinas, alguns agentes paravam com mais frequência os motoristas latinos e, se alguém ousasse denunciar os abusos, as represálias incluíam detenções falsas, espancamentos e ameaças, como pôde comprovar o Departamento de Justiça.

Ao contrário do que aconteceu em outras cidades, onde as tensões eram entre a polícia e a população negra, em East Haven alguns agentes sem autorização do governo federal aplicaram leis migratórias, informando ao Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) sobre a presença de imigrantes ilegais.

Estas atitudes provocaram a demissão do chefe da polícia local, Leonard Gallo, acusado de criar um ambiente hostil que favorecia os abusos, e a detenção de quatro agentes locais por violar, entre 2007 e 2011, os direitos civis dos latinos e de usar excessivamente a força contra eles, especialmente contra alguns dos imigrantes mais vulneráveis: os ilegais.

No meio do redemoinho provocado por estas detenções, o prefeito, Joseph Maturo, foi perguntado sobre o que pensava em fazer para melhorar as relações da cidade com a comunidade latina e sua resposta – “poderia convidá-los para comer alguns tacos”, provocou a ira da população, que exigiu sua demissão.

Com o consentimento da prefeitura, o Departamento de Justiça interveio na polícia local durante 18 meses e obrigou os 84 agentes a comparecerem a aulas de “Crimes motivados pela intolerância e pelo preconceito”, “Quadrilhas” e “Cidadãos com necessidades especiais”.

“A polícia aceitou o desafio de ganhar de novo a confiança dos bairros a que serve”, ressaltou Lynch, que visitou East Haven para se reunir com policiais locais e federais, jovens, estudantes, e com dirigentes da comunidade latina, muito ativos em denunciar e inclusive gravar os abusos de há quatro anos.

“Os membros da comunidade latina e os dirigentes estão informando que existe mais confiança e relações positivas. Os agentes trabalham não só para cumprir com os termos do acordo (entre a cidade e o Departamento de Justiça), mas também para se transformar em um modelo para todo o país”, acrescentou Lynch.

A visita da procuradora-geral faz parte de uma viagem a várias cidades para examinar as práticas da polícia local, depois das mortes de vários afro-americanos por policiais brancos em situações controvertidas provocarem um novo movimento de defesa dos direitos civis. EFE

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