Ebola interrompe história de amor de Duncan, que morreu nos EUA pela doença

  • Por Agencia EFE
  • 08/10/2014 20h16

Albert Traver.

Austin (EUA.), 8 out (EFE).- Thomas Eric Duncan chegou a Dallas em 20 de setembro para se casar com a mãe de seu filho, que conheceu duas décadas atrás em um campo de refugiados da Costa do Marfim, mas o ebola interrompeu nesta quarta-feira esta história de amor e o transformou no primeiro homem a morrer por causa do vírus nos Estados Unidos.

Duncan nasceu na Libéria há 42 anos e morreu hoje às 7h51 (locais, 9h51 em Brasília) após “enfrentar com coragem a batalha contra o ebola”, informou o Hospital Presbiteriano de Dallas, no Texas, onde estava isolado desde 28 de setembro.

Duncan saiu em 19 de setembro da Monróvia, a capital da Libéria, um dos países mais afetados pela epidemia, depois de ter recebido o visto de entrada nos Estados Unidos. Antes de subir no avião, ele preencheu um formulário em que garantiu não ter tido contato com nenhuma pessoa infectada pelo vírus.

Em Dallas esperava por ele Louise Troh, a mulher que chamou de “amor da minha vida”, com quem se casaria em breve. Ele também era esperado pelo filho deles de 19 anos, e pela família de Louise, que vivem nos EUA já há algum tempo.

O africano não disse a verdade quando preencheu o formulário no aeroporto, admitiram seus parentes na Monróvia.

Duncan tinha ajudado dias antes da viagem a levar uma vizinha doente a um centro médico da capital. Ela morreu dias depois, e essa é a causa mais provável do contágio.

Se tivesse sobrevivido, a mentira poderia ter acarretado problemas judiciais, já que tanto as autoridades liberianas como o promotor do distrito do Condado de Dallas ameaçaram acusá-lo criminalmente.

Em 25 de setembro Duncan deu entrada na unidade de urgências do Hospital Presbiteriano de Dallas com febre e dores abdominais, mas os médicos o deixaram voltar para casa, somente medicado com antibióticos.

Os médicos não levaram em conta que ele havia acabado de chegar da Libéria, um dos três países, junto de Serra Leoa e Guiné, mais afetados pela epidemia de ebola.

O vírus, divulgou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS), já matou mais de 3.400 pessoas das oito mil infectadas na África Ocidental.

Duncan voltou ao hospital três dias depois, quando finalmente foi diagnosticado – no primeiro caso de ebola fora da África – e isolado.

Duncan esteve conectado a um respirador e fazia diálise no hospital. Seu estado piorou este fim de semana, quando começou a receber um remédio experimental que não teve o resultado esperado.

O governador do Texas, Rick Perry, admitiu que foram “cometidos erros” com Duncan, mas se mostrou confiante no “funcionamento” do sistema.

Após a confirmação da morte, Louise, que conheceu Duncan em um campo de refugiados durante a primeira guerra civil na Libéria, pediu uma “investigação exaustiva” sobre o caso.

Mas ela lamentou principalmente, com “dor e raiva”, que o filho, estudante universitário em San Angelo, no Texas, não tenha podido se despedir do pai, a quem não via desde os três anos de idade.

Durante a hospitalização Duncan confessou se arrepender de ter colocado em risco a mulher que décadas atrás havia conquistado seu coração, como contou um amigo entrevistado pelo “Washington Post”.EFE

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