Economia de Gaza é mais uma das vítimas da ofensiva militar

  • Por Agencia EFE
  • 21/07/2014 12h53
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Saud Abu Ramadan.

Gaza, 21 jul (EFE).- Lojas, fábricas; praticamente todos os negócios estão parados desde que a ofensiva militar israelense começou há 14 dias em Gaza. Economistas e analistas afirmam que o violento e intenso ataque sobre a Faixa matou a pequena economia local, que sobrevivia a duras penas, muito debilitada após oito anos de bloqueio.

A chegada da ofensiva só fez endurecer ainda mais as restrições impostas à entrada e saída de bens e pessoas, um ataque fatal à deteriorada economia da qual depende a sobrevivência de quase 1,8 milhão de pessoas em Gaza.

Esta é a terceira grande operação militar de Israel sobre a faixa desde que em 2007 o Hamas assumiu o controle do território.

Após as duas primeiras, em 2008 e 2012, cerca de 1.700 lojas e indústrias desapareceram em Gaza, e na atual dezenas de fábricas já foram destruídas ou danificadas, lamentam os empresários.

Ali Hayek, vice-presidente da Associação de Comerciantes de Gaza, lembrou que as duas operações anteriores destroçaram grande parte do tecido comercial e que, agora “terminam com o que restava”.

“É muito difícil enumerar quantas fábricas e negócios foram devastados porque a ofensiva continua. Além disso, também há estabelecimentos parcialmente afetados por serem alvos indiretos dos ataques”, acrescentou.

Quando em 8 de julho Israel iniciou sua ofensiva, Gaza, em termos econômicos, já era uma preocupação. Sofria com altos índices de desemprego e pobreza causados em parte pelas proibições de importar materiais de construção, agrícolas ou industriais.

Agora, o crescente número de casas e edifícios destruídos, somados à falta de materiais para a reconstrução, criam um cenário ainda mais difícil para as cerca de 90 mil pessoas que deixaram suas casas pelo risco de bombardeios.

O presidente da União de Construtores palestinos, Nabil Abu Moleileq, advertiu que os incessantes ataques israelenses sobre infraestruturas, entre elas encanamentos, sistemas de águas e esgoto, telecomunicações e eletricidade fizeram de Gaza o cenário de uma catástrofe.

“As perdas no setor da construção chegam a US$ 800 milhões”, apontou, usando dados levantados por grupos de defesa dos direitos humanos que afirmam que 80% das indústrias de Gaza pararam suas atividades por causa da falta de materiais.

Além das restrições de entrada, Israel também mantém restrições sobre as exportações ao exterior.

Antes de 2007 cem caminhões partiam todos os dias carregados de produtos antes do começo do bloqueio. Mas desde então, praticamente nenhum bem sai dali, o que provoca perdas diárias de US$ 50 milhões.

Analistas em Gaza, como Maher Tabala, analisam que o recente ataque israelense agravou a crise econômica e comercial, elevando “os índices de desemprego de 40% para 44% e parando, completamente, as atividades”.

“O movimento destes setores é muito lento e só pequenos supermercados e postos de gasolina vendem comida e combustível. O resto nem funciona”, assinalou.

Tabala ressaltou que um eventual cessar-fogo entre as partes deveria considerar o fim total do bloqueio e a reabertura dos passos comerciais para que Gaza deixe de ser uma escrava das asfixiantes restrições de segurança israelenses.

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