Economia desgasta homens fortes do gabinete de Cristina Kirchner

  • Por Agencia EFE
  • 04/02/2014 16h08
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Mar Marín.

Buenos Aires, 4 fev (EFE).- A tempestade econômica que assola a Argentina está golpeando diretamente os “homens fortes” do gabinete de Cristina Kirchner, que guarda silêncio sobre os problemas do país enquanto aumentam as críticas e as enquetes refletem uma queda em sua popularidade.

Em meio a uma sacudida econômica sem precedentes na última década, a presidente deixou que o chefe de gabinete, Jorge Capitanich, e o ministro da Economia, Axel Kicillof, se ocupassem de dar a cara a tapa perante os cidadãos.

Afligida agora por uma lesão no quadril que requer tratamento de fisioterapia, a presidente, de 60 anos, se mantém em um discreto segundo plano e com uma agenda muito reduzida, após a neurocirurgia à qual se submeteu em outubro passado, e protegida por um estreito círculo no qual figura seu filho Máximo, líder de La Cámpora, o grupo das juventudes kirchneristas, e o secretário legal e técnico, Carlos Zannini.

São Capitanich, ex-governador da província do Chaco, peso pesado do peronismo e contador público de formação, e Kicillof, um membro de La Cámpora de formação marxista, os encarregados de explicar o giro na política econômica do governo.

Desde que assumiu o cargo, em novembro, Jorge Milton Capitanich mudou a estratégia de comunicação do governo com pronunciamentos diários perante os meios de comunicação no começo da manhã na Casa Rosada, uma rotina que inicialmente serviu para melhorar sua imagem, mas que, com o tempo, está provocando um intenso desgaste.

“Coqui”, como lhe conhecem seus próximos, foi ministro da Economia durante o efêmero governo de Ramón Puerta, em 2001, em pleno crack econômico, e passou depois a ser chefe de gabinete de Eduardo Duhalde (2002-2003).

Com seus 49 anos, não oculta suas aspirações presidenciais, mas sua alta exposição midiática e as contradições internas do gabinete lhe afastaram das apostas de possíveis candidatos.

Quem também sente o desgaste é Kicillof, com uma meteórica carreira desde La Cámpora e sob a tutela da sombra da presidente.

Ativo militante no agrupamento TNT (Tolos, mas não tanto) durante sua etapa na faculdade de Economia da Universidade de Buenos Aires, Kicillof cultiva um ar juvenil e relaxado, com ternos sem gravata e um rosto pueril.

“Não vamos fazer nada que gere bruscas mudanças na economia”, disse quando assumiu a pasta em novembro do ano passado.

Apenas dois meses depois, argumenta que a queda do peso e a flexibilização do polêmico “cerco ao dólar” beneficia os “mais desfavorecidos”, apesar de afetar apenas 20% dos cotizantes e ameaçar em desbocar uma inflação que cálculos privados cifram em mais de 30%.

Um papel difícil para quem, em abril do ano passado, quando ainda era vice-ministro, atacou contra os “papagaios que repetem a ideia que é preciso desvalorizar a moeda”.

Considerado o cérebro da nacionalização de 51% das ações da Repsol na YPF, em 2012, Kicillof sugeriu então que não haveria indenização para a companhia petrolífera espanhola e acrescentou que “a Repsol vai ter de pagar pelo prejuízo ambiental”.

Em novembro, no entanto, já falava do acordo de compensação alcançado com a Repsol e sustentava que “é impossível (não pagar) porque é ilegal”.

Com menos exposição pública, outro dos mais ativos funcionários do gabinete econômico é o jovem secretário de Comércio, Augusto Costa, de 38 anos, que procedia do Ministério de Relações Exteriores e substituiu o polêmico Guillermo Moreno.

O protagonismo da equipe econômica na imprensa nos últimos dias ofuscou praticamente o resto do governo e isso está custando um preço alto.

Segundo as pesquisas, 60% dos argentinos desaprovam a gestão econômica do governo, segundo a última pesquisa da empresa de consultoria Opinión Pública Servicios y Mercados (OPSM), que indica que a imagem negativa de Cristina Kirchner escalou até 48%.

Além disso, 60% dos consultados consideram “ruim” ou “muito ruim” a gestão de Kicillof, 65% desaprova também o trabalho de Costa e 45% rejeitam Capitanich. Uma carga pesada para qualquer funcionário com aspirações políticas futuras. EFE

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