Ações da Petrobras sobem 8,87%; dólar tem “leve queda” e fecha a R$3,74

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/06/2018 18h14
Divulgação/Petrobras Divulgação Depois das quedas de quase 15% registradas na última sexta, após o pedido de demissão de Pedro Parente, as ações da Petrobras subiram 5,83% (ON) e 8,48% (PN)
As ações da Petrobras recuperaram parte das perdas da última sexta-feira (1°) e deram fôlego extra ao Índice Bovespa, que teve nesta segunda-feira (4) sua quarta alta consecutiva – e a mais consistente delas. Com o noticiário doméstico escasso e o cenário internacional favorável, o índice já abriu em alta e terminou o pregão aos 78.596,06 pontos, com ganho de 1,76%.

Depois das quedas de quase 15% registradas na última sexta, após o pedido de demissão de Pedro Parente, as ações da Petrobras subiram 5,83% (ON) e 8,48% (PN) . A alta foi atribuída essencialmente a um ajuste após as expressivas quedas recentes, registradas desde o início da greve dos caminhoneiros até a saída de Parente. Isso porque as dúvidas quanto ao futuro da política de preços da petroleira continuam na mesa.

Entre os temores dos investidores está a possibilidade de o governo abandonar a paridade internacional na sua política de preços, além de uma série de dúvidas sobre como será concretizado o acordo em torno do diesel e quais serão seus impactos na política fiscal do País. A nomeação do diretor financeiro Ivan Monteiro como novo presidente da empresa foi recebida sem sobressaltos.

“Creio que o mercado de certa forma deu o benefício da dúvida à Petrobras hoje, levando em conta que os movimentos dos últimos dias foi muito exagerado. A expectativa é de que o governo consiga encontrar um bom termo para a questão dos combustíveis, de forma a suavizar preços sem mudar a política da empresa”, disse Shin Lai, estrategista da Upside Investor.

Mas o dia foi de recuperação bastante pulverizada na Bolsa, tendo bancos, elétricas e siderúrgicas entre os destaques de alta. Na sexta-feira, aliás, foi o bom desempenho de outras blue chips que garantiu uma alta de 0,63% ao Ibovespa, apesar dos tombos das ações da Petrobras. Entre as ações que compõem o índice, a maior alta de hoje ficou com CSN ON, que disparou 14,93% após ter sua recomendação alterada de “neutra” para “acima da média” pelo Credit Suisse.

“Para que o Ibovespa volte a subir de maneira consistente, é necessário que os investidores estrangeiros voltem à Bolsa. E não se vê, por enquanto, fator que atraia de volta tudo o que já saiu este ano”, disse um operador.

Somente na última quarta-feira, 30, dois dias antes do pedido de demissão de Pedro Parente, os investidores estrangeiros retiraram R$ 1,010 bilhão da B3. Naquele dia, o Ibovespa fechou em alta de 0,90%. Com esse resultado, o saldo acumulado de todo o mês de maio ficou negativo em R$ 8,433 bilhões. No ano, a saída é de R$ 4,012 bilhões.

Bom humor externo segura moeda norte-americana
Depois da forte volatilidade da última semana, o dólar teve um dia relativamente calmo nesta segunda, influenciado pelo bom humor no mercado externo, que fez a moeda dos Estados Unidos perder valor ante às principais divisas dos países desenvolvidos e dos mercados emergentes. Na mínima do dia, o dólar à vista chegou a cair para R$ 3,7264, no começo da tarde, mas a divisa não conseguiu se sustentar abaixo do patamar de R$ 3,73 e terminou o dia em R$ 3,7409 (-0,53%). Na máxima, bateu em R$ 3,7542.

O dia foi marcado por menor volume de negócios, movimento comum em começos de mês, com os investidores esperando os próximos eventos no mercado doméstico e no exterior para montar posições mais firmes. No mercado à vista, o volume somou US$ 1,3 bilhão, enquanto no mercado futuro chegava a US$ 12,8 bilhões perto das 17h30, abaixo da média de sessões anteriores. “O mercado ficou tranquilo hoje, principalmente depois da volatilidade da semana passada. É começo de mês e o pessoal demora um pouco mais para formar posições”, afirma o operador de câmbio da corretora Spinelli, José Carlos Amado.

No exterior, um dos eventos mais aguardados dos próximos dias é a reunião deste mês do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que reúne os principais dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), dias 12 e 13. Após dados mais fortes do que o previsto do mercado de trabalho dos EUA em maio, divulgados na última sexta-feira, cresceu a aposta de que o BC deve elevar os juros ao menos quatro vezes este ano.

No mercado doméstico, os investidores seguem monitorando os desdobramentos da greve dos caminhoneiros e possível mudança na forma de reajuste dos preços dos combustíveis. “A greve tomou dimensão inesperada e culminou na alteração de algumas das correlações entre os ativos”, ressaltam os gestores da Adam Capital, em relatório, destacando a piora da bolsa e a alta do dólar que marcou as últimas semanas.

Além de monitorar a Petrobras, os investidores aguardam novas pesquisas eleitorais que devem sair nos próximos dias e podem provocar volatilidade no mercado. Com ambiente agitado nos últimos dias no Brasil, os analistas do Itaú Unibanco destacam que o real teve desempenho pior que moedas pares na última semana. “A piora na perspectiva para o mercado acionário brasileiro pressionou o real no final da semana passada”, ressalta relatório do banco divulgado nesta segunda-feira.

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