Agência Fitch mantém nota do Brasil em BB- e vê eleição imprevisível

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/08/2018 12h21 - Atualizado em 01/08/2018 14h58
Solvency II Wire/ Divulgação/ Flickr Solvency II Wire/ Divulgação/ Flickr A Fitch afirma que o ambiente político no Brasil é "desafiador", em meio a uma corrida eleitoral "imprevisível e fragmentada"

A Fitch reafirmou nesta quarta-feira, 1, o rating soberano do Brasil em BB-, com perspectiva estável. De acordo com a agência, a nota do País é contida por fraquezas estruturais nas finanças públicas e pelo alto endividamento, por perspectivas de crescimento “fracas”, por um panorama político “desafiador” e por questões relacionadas à questão da corrupção. Por outro lado, o rating é apoiado pela diversidade econômica e por instituições civis consolidadas, com renda per capita mais alta que a mediana dos países do rating igual.

“A capacidade do País de absorver choques externos é apoiada por seu câmbio flexível, desequilíbrios externos pequenos, posição de reservas internacionais robusta, uma posição externa líquida como credor externo soberano e por mercados domésticos desenvolvidos de dívida do governo, além de uma parcela pequena da dívida em moeda estrangeira no total da dívida do governo”, afirma a Fitch.

Na opinião da agência, o Brasil passa por uma recuperação “moderada” em 2018, com previsão de crescimento de 1,5%. A greve dos caminhoneiros, as condições de financiamento externo mais apertadas e as “contínuas” incertezas políticas relacionadas ao ciclo eleitoral contêm a retomada, aponta a Fitch. Entre 2019 e 2020, ela prevê que o crescimento do País fique em média em 2,5%

Eleições

A Fitch afirma que o ambiente político no Brasil é “desafiador”, em meio a uma corrida eleitoral “imprevisível e fragmentada”. Segundo ela, não está claro quem pode chegar ao provável segundo turno e há incerteza sobre o ritmo, o escopo e a “qualidade” dos ajustes da política após a disputa nas urnas. Outra incerteza citada pela agência se relaciona à base no Congresso do vencedor, fator que será importante para garantir a governabilidade e o avanço nas reformas “necessárias para melhorar a perspectiva para as finanças públicas e o crescimento”.

Na avaliação da agência, o déficit fiscal do Brasil segue grande e deve recuar apenas gradualmente, o que aumenta a vulnerabilidade a choques. Segundo ela, o déficit fiscal do governo deve seguir elevado, em cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, bem pior que a mediana de 3% dos países com rating BB. Há pouco, a Fitch reafirmou o rating do Brasil em BB-, com perspectiva estável.

A dívida do governo deve atingir 77,5% do PIB em 2018 e continuará a avançar em 2019 e 2020, diz a agência. A consolidação fiscal no médio prazo dependerá do sucesso do próximo governo para combater os desafios fiscais, argumenta a agência. A Fitch cita ainda a inflação “moderada” e os déficits em conta corrente “baixos”.

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