Após manutenção da taxa Selic, Ibovespa opera abaixo da marca de 100 mil pontos

Índice caiu cerca de 0,65% no primeiro pregão depois da decisão do Copom; analistas apontam que alta prolongada da taxa de juros freia o setor produtivo e o crescimento econômico do país

  • Por Jovem Pan
  • 23/03/2023 12h10 - Atualizado em 23/03/2023 17h54
REUTERS/Amanda Perobelli Bolsa de valores B3 Copom decidiu pela manutenção da taxa Selic pela 6ª vez consecutiva, em 13,75% ao ano

Na manhã desta quinta-feira, 23, o Ibovespa passou a operar abaixo da marca de 100 mil pontos, após desvalorizar cerca de 0,65%. Às 11h33, o índice se encontrava a 99.567,49 pontos. Esta é a primeira vez que o índice operou abaixo da marca desde 17 de junho de 2022. Antes disso, uma queda similar só tinha sido registrada em novembro de 2020. A bolsa brasileira começou em alta depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano. Contudo, por volta das 11h entrou em trajetória de queda acentuada. O mercado financeiro esperava que o BC sinalizasse a possibilidade de diminuir a Selic em breve, contudo, o comunicado mostrou que esse não é o plano da entidade, que considera novo aumento no percentual. Esse cenário somado à incerteza a cerca do novo arcabouço fiscal que será proposto pelo governo e a crise bancária internacional gera um clima de aversão a risco para investidores, que preferem apostar em mercados mais consolidados.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou como ‘equivocada’ a decisão. Na avaliação da instituição, o Copom já deveria ter iniciado o processo de redução da Selic nesta reunião e que a taxa básica de juros no patamar atual foi um dos fatores determinantes para a desaceleração da atividade econômica no final de 2022. Economista e conselheiro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alessandro Azzoni aponta que uma taxa de juros muito alta freia o setor produtivo e, para estimular o crescimento econômico, é preciso ter uma redução para fazer com que o custo do dinheiro seja menor. Além disso, diversos setores sofrem com o alto valor de financiamentos, potencialmente se tornando inviáveis.

Para Jaqueline Benevides, analista de Renda Fixa do TC, não houve muitas novidades no mercado, por isso especialistas aguardam a ata oficial para entender o que esperar para a trajetória dos juros no Brasil. “De antemão, minha expectativa é a de que, a não ser que o arcabouço fiscal venha muito favorável, os juros só começarão a arrefecer a partir da quarta reunião, prevista para 21 de junho. Antes disso, os juros devem continuar no patamar de 13,75% a.a. Vale ressaltar que os juros nesse patamar prejudicam a performance de diversos setores, como o varejo. Podemos esperar ainda um aumento na solicitação de recuperação judicial de algumas empresas alavancadas e um aumento na inadimplência de pessoas físicas e pequenas empresas”, observa.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.