Banco Mundial prevê que América Latina terá anos de pobreza e crescimento baixo pela frente

Entidade sugere reformas para aumentar produtividade, com melhorias na educação, infraestrutura e adoção de tecnologias inovadoras

  • Por Jovem Pan
  • 07/04/2022 20h52
RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Movimentação na região da 25 de março Segundo Banco Mundial, América Latina está se recuperando da pandemia em ritmo mais lento do que outras regiões

O Banco Mundial divulgou nesta quinta, 7, um relatório no qual revê para baixo sua projeção de crescimento para a América Latina nos próximos anos. De acordo com a instituição, o PIB da região deve crescer 2,3% em 2022, não 2,7%, como projetara anteriormente; o ritmo seguirá devagar nos próximos anos, com aumentos de 2,2% em 2023 e 2,4% em 2024. Em relação unicamente ao Brasil, o Banco acredita que o país terá altas menores que as do continente como um todo, de 0,7% do PIB em 2022, 1,3% em 2023 e 2% em 2024. “O Brasil é um dos países que têm mais dificuldades na recuperação da pandemia, talvez em parte porque tenha sido atingido de modo especialmente duro por ela”, disse William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina. Maloney ainda pontuou que a possível indisponibilidade de fertilizantes causada pela guerra na Ucrânia e problemas em cadeias globais de fornecimento de mercadorias podem se tornar problemas para o país, que tem a maior economia da América Latina. Outras economias importantes também devem ter crescimento pequeno, como Chile (1,9%), Argentina (3,6%) e México (2,1%).

Sobre a América Latina como um todo, Maloney avaliou que a guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia podem dificultar a tarefa de aproveitar um novo boom das commodities. “Embora os preços das commodities continuem fortes, o crescimento da China e das economias avançadas [como da Europa] está mais lento do que antes da pandemia – o que diminui a demanda por exportações da região – e as taxas de juros globais estão subindo para níveis de longo prazo”, explicou. Ainda enumerou dados que mostram que a economia do continente não se recuperou totalmente da pandemia: a perda de 10% da renda vitalícia para aqueles que ficaram entre um ano e um ano e meio fora da escola; recuperação do mercado de trabalho bastante influenciada até aqui por vagas informais; dívida pública bruta em 70% do PIB no fim deste ano, contra 60% antes da pandemia; inflação acima da meta em diversos países e mais alta do que anteriormente. O relatório também cita que, excluindo o Brasil, a taxa de pobreza na região terminou 2021 em 27,5%, acima do patamar pré-pandemia, que era de 26,5%. Para lidar com os problemas, sugere reformas radicais amplas que aumentem a produtividade da região, por meio de melhorias na educação e na infraestrutura e adoção de novas tecnologias, além da limitação de gastos públicos, com redução de desperdícios.

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