BC diz que há ‘probabilidade relevante’ de economia cair no 1° trimestre

A análise foi divulgada nesta terça-feira (1$) por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2019 11h32
Agência Brasil Calculadora e caneta em cima de folha de papel que mostra um gráfico A expectativa de expansão da economia em 2019 recuou pela 11ª semana consecutiva e passou de 1,49% para 1,45%, conforme o Relatório de Mercado Focus da segunda-feira (13)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou nesta terça-feira (14) que há a “probabilidade relevante” de que a economia brasileira tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os três meses anteriores. A análise foi divulgada por meio da ata do último encontro do comitê.

“O arrefecimento da atividade observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019”, reconheceu o documento. “A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”, destacou o BC.

O Banco Central lembrou que os indicadores do primeiro trimestre induziram “revisões substantivas” nas projeções de mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. A expectativa de expansão da economia em 2019 recuou pela 11ª semana consecutiva e passou de 1,49% para 1,45%, conforme o Relatório de Mercado Focus da segunda-feira (13). Há quatro semanas, a estimativa de crescimento era de 1,95%.

“Essas revisões refletem um primeiro trimestre aquém do esperado, com implicações para o ‘carregamento estatístico’, mas também embutem alguma redução do ritmo de crescimento previsto para os próximos trimestres”, acrescentou o Copom.

Apesar dessa avaliação, o comitê considerou que o cenário básico do BC contempla sua retomada adiante. O Copom voltou a argumentar que a economia brasileira sofreu diversos choques ao longo de 2018 — como a greve dos caminhoneiros e as incertezas eleitorais — que produziram “aperto relevante das condições financeiras”.

“Embora tendam a decair com o tempo, seus efeitos sobre a atividade econômica persistem mesmo após cessados seus impactos diretos. Os membros do Copom avaliam que esses choques devem ter reduzido sensivelmente o crescimento que a economia brasileira teria vivenciado na sua ausência e que alguns de seus efeitos ainda persistem”, continuou a ata.

Para os membros do colegiado, além desses choques, incertezas futuras também têm efeitos sobre a atividade econômica, sobretudo as incertezas sobre a sustentabilidade fiscal. Mais uma vez, o BC fez na ata uma extensa defesa da aprovação de reformas e ajustes na economia.

“Incertezas afetam decisões de investimento que envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em relação a cenários futuros”, concluiu o documento.

Reformas

Enquanto a tramitação da reforma da Previdência se arrasta na Câmara dos Deputados, a ata do último encontro do Copom traz uma extensa defesa da aprovação das reformas e ajustes na economia. Os membros do colegiado alertaram para o efeito que as incertezas fiscais têm sobre o ritmo de recuperação da economia

“A manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade fiscal tende a ser contracionista. Reformas que geram sustentabilidade da trajetória fiscal futura têm potencial expansionista, que pode contrabalançar efeitos de ajustes fiscais de curto prazo sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de instabilidade com elevação de prêmios de risco, como o ocorrido em 2018”, argumentou o BC.

O Copom voltou a afirmar que a aceleração do ritmo de retomada da economia depende também de outras iniciativas para o aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios.

“Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira”, completou o documento.

Em relação ao cenário internacional, o Copom avaliou que o cenário se mantém desafiador. O colegiado ponderou que os riscos associados à normalização das taxas de juros nas economias centrais mostram-se reduzidos no curto e médio prazos.

Por outro lado, o Copom destacou que os riscos de uma desaceleração da economia global permanecem. “Incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica podem contribuir para um crescimento global ainda menor”, acrescentou o documento

O BC ainda voltou a garantir que a economia brasileira está apta a absorver um revés no cenário internacional, citando “seu balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de inflação e à perspectiva de recuperação econômica”.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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