Bolsas de valores europeias voltam a cair após novo colapso do Credit Suisse

Medidas de segurança para ajudar instituições financeiras impulsionaram negociações na Ásia, mas o declínio persistente do mercado de ações do banco suíço reverteu a tendência

  • Por Jovem Pan
  • 17/03/2023 15h50
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Daniel SORABJI / AFP bolsa de valores Banco central da Suíça ofereceu empréstimo para reforçar liquidez do Credit Suisse, mas ações continuaram a despencar

As bolsas de valores europeias voltaram a operar com perdas nesta sexta-feira, 17, depois que um novo colapso do Credit Suisse devastou o otimismo do início do dia. As expectativas colocadas sobre os ‘firewalls’ para ajudar os bancos impulsionaram as negociações na Ásia e o início da sessão na Europa, mas o declínio persistente do mercado de ações do Credit Suisse reverteu a tendência. As ações do banco suíço – que têm concentrado as preocupações sobre o setor na Europa – operavam em baixa expressiva de 11,1% às 12h17 do horário local (9h17 de Brasília). O banco já registrou quedas espetaculares no mercado de ações esta semana e, devido aos temores sobre o setor bancário, recebeu um resgate do banco central suíço para reforçar sua liquidez. Ao meio-dia, o índice FTSE 100 em Londres perdia 0,29%, o CAC 40 em Paris perdia 0,59% e o DAX em Frankfurt recuava 0,39%. Em Madri, o Ibex-35 também operava em baixa de 1,39%.

Em Wall Street, os índices futuros também estavam no vermelho, com o Dow Jones caindo 0,50%, o S&P 0,52% e o Nasdaq 0,11%. Depois de uma semana turbulenta, 11 gigantes bancários dos Estados Unidos prometeram na quinta-feira resgatar o First Republic, acalmando os temores de outra falência após o colapso do Silicon Valley Bank, Signature Bank e Silvergate na semana passada. A notícia foi celebrada pelo Federal Reserve (Fed, banco central), pelo Tesouro dos Estados Unidos e por duas agências reguladoras, em um momento de receio por parte dos investidores de um risco de contágio a outras entidades bancárias.  Desde 10 de março, uma série de falências de bancos nos Estados Unidos alimenta o temor de uma nova crise financeira como a de 2008, que desestabilizou a economia mundial.

Um indício do estresse financeiro é que os bancos americanos pegaram empréstimos de US$ 164,8 bilhões (cerca de R$ 871,5 bilhões no câmbio atual) de duas linhas de crédito do Fed nos últimos dias, segundo a agência financeira Bloomberg. Apesar dos “firewalls” em vigor, as ações da First Republic caíram 13% nas negociações eletrônicas antes da abertura. O Banco Central Europeu (BCE) convocou uma reunião do órgão de supervisão bancária da zona do euro nesta sexta-feira para “trocar pontos de vista” sobre o setor bancário após a turbulência dos últimos dias, disse uma fonte à AFP.  O presidente do Banco Central francês, François Villeroy de Galhau, afirmou à rede BFM Business que “os bancos franceses e europeus são extremamente sólidos”. “Os bancos europeus não estão na mesma situação que alguns bancos americanos por uma razão muito simples, eles não estão sujeitos às mesmas regras”, disse ele.

Em um delicado equilíbrio entre combater a inflação e ajudar o crescimento, o BCE reafirmou sua determinação em conter o aumento dos preços, com uma alta de 0,5 ponto nas taxas na quinta-feira. A instituição europeia absteve-se de antecipar seus próximos passos, aguardando novos indicadores.  “O BCE está deixando todas as suas opções em aberto, aguardando decisões do Federal Reserve e do Banco da Inglaterra na próxima semana”, disse Axel Botte, analista da Ostrum AM. Nesse contexto, os investidores acompanharão de perto a divulgação dos próximos indicadores para projetar qual será o calendário do Fed. A OCDE publicou as suas previsões nesta sexta-feira, com uma revisão em alta das suas projeções de crescimento global para 2023 e 2024.

*Com informações da agência AFP

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