Campos Neto defende elevação da taxa de juros para combate à inflação ‘contaminada’
Presidente do Banco Central defendeu atuação da instituição em meio a problemas econômicos no Brasil
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu a política da instituição de aumentar os juros como forma de combater a inflação, que segue alta no Brasil. Para Campos Neto, a inflação presente em energia e alimentos se espalhou por outros setores, em um efeito de contaminação. “Algumas pessoas podem dizer que, se é uma inflação de energia e alimentos, o Banco Central não deveria estar subindo os juros porque são elementos muito voláteis que eventualmente vão cair. O problema é que, quando você tem elementos voláteis que ficam com um preço alto por muito tempo, eles começam a contaminar o resto da cadeia e os núcleos começam a subir. É isso que o Banco Central tem feito”, afirmou Campos Neto em audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.
A audiência foi pedida pelo deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que tinha objetivo de discutir formas de combate à inflação e o aumento da taxa Selic, controlada pelo Banco Central. No acumulado de 12 meses até abril, a inflação ficou em 12,13%, o maior número desde 2003. No dia 4 de maio, o BC elevou a taxa de juros em um ponto percentual, para 12,75%, e o mercado espera que ainda ocorra ao menos mais um aumento neste ano, embora de menor magnitude. “Nosso trabalho é sempre fazer o máximo possível para a inflação estar na meta, mas sempre olhando o que consigo fazer para que esse processo aconteça com o mínimo de destruição do tecido produtivo da economia. Essa é a grande tarefa”, afirmou Campos Neto aos parlamentares.
O centro da meta para a inflação em 2022 é de 3,5%, e o teto de 5,5%, mas tudo indica que o aumento de preços ficará acima. Ao aumentar a taxa de juros, o Banco Central dificulta o crescimento da economia e a geração de novos empregos, por isso a medida costuma ser criticada. Apesar disso, Campos Neto relatou que o FMI revisou para cima as previsões de crescimento do Brasil, para uma média entre 1,5% e 2%, e disse que tem havido um movimento “surpreendente” de geração de empregos. “A gente está começando a falar de desemprego neste ano que vai ser abaixo de dois dígitos, lembrando que antes da pandemia ele estava em 12%. A gente está com nível de desemprego bem melhor do que antes da pandemia”, disse o presidente do BC.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.