Com exterior negativo, dólar sobe 1,28% e renova máxima do ano

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2019 21h27
ITACI BATISTA/ESTADÃO CONTEÚDO Afirmações de Bolsonaro sobre a reforma da Previdência tiveram impacto no resultado

O dólar engatou a quarta alta consecutiva e subiu 1,28% nesta quinta-feira (7) para R$ 3,8837, a maior cotação desde 27 de dezembro (R$ 3,8895). Profissionais de câmbio ressaltam que novamente o exterior negativo foi o fator predominante para a valorização da moeda americana no mercado doméstico.

O dólar teve mais um dia de fortalecimento na economia mundial, após decisão do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir as projeções de crescimento da zona do euro e adotar mais estímulos para tentar acelerar a expansão da atividade europeia.

As mesas de câmbio seguem ainda monitorando a cena política em Brasília e os esforços do governo para avançar a reforma da Previdência, considerados até agora insuficientes pelos profissionais do mercado.

Fator Bolsonaro

No final da tarde, o presidente Jair Bolsonaro postou um vídeo e dois tweets comentando sobre a necessidade da reforma da Previdência. “Avanços que o Brasil precisa dependem de aprovação da nova Previdência”, afirmou ele.

O sócio de uma gestora paulista destaca que a volta do assunto nas postagens do presidente é positiva, mas o mercado quer mesmo é ver avanços concretos na tramitação das medidas no Congresso e principalmente na articulação do governo, que até agora, nas palavras desse executivo, tem sido “muito ruim”.

Ainda sobre a reforma, uma das poucas novidades do dia foram declarações da líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselman (PSL-SP), que afirmou nesta tarde que “quanto mais rápido começar a tramitação da nova Previdência, melhor para o País” e que o nome do deputado Felipe Francischini (PSL-PR) foi acatado pela bancada do PSL para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, que deve ser instalada semana que vem.

“O novo governo não está fazendo o dever de casa nas reformas e o ambiente externo está ruim”, destaca o gerente da mesa de câmbio da Tullet Prebon Brasil, Italo Abucater.

Banco Central Europeu

O principal fator a guiar os mercados nesta quinta foi a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que anunciou novas medidas de estímulo, para injetar liquidez nos mercados, e ainda cortou a projeção de crescimento e de inflação para a zona do euro.

“O BCE ligou a bandeira vermelha e alertou para um crescimento mais lento e a necessidade de mais apoio dos bancos centrais”, ressalta a economista da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza. O reflexo imediato que perdurou por todo o dia foi um aumento da aversão ao risco, que fez o risco Brasil subir para 165 pontos, considerando o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos.

Um gestor carioca destaca que a forte queda do euro após a decisão do BCE ajudou a contaminar os mercados de moedas pelo mundo. O dólar disparou mais de 4% na Argentina, subiu 2% na África do Sul e 1,25% no México. O peso argentino fechou na mínima histórica e o real foi a quarta moeda emergente a mais perder valor ante o dólar, considerando uma cesta de 24 divisas.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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