Com sanções à Rússia, mercado teme escassez de petróleo; países tentam amenizar situação para conter alta

Possibilidade de acordo nuclear entre EUA e Irã manteve preços dos barris abaixo dos últimos recordes nesta sexta, já que decisão deverá suspender sanções e liberar barris iranianos para comércio internacional

  • Por Jovem Pan
  • 04/03/2022 12h13
Banco de imagens/Pixabay plataforma de petróleo Plataforma de petróleo

Nove dias após a invasão da Ucrânia, a Rússia enfrenta dificuldades para encontrar compradores para o seu petróleo. Após as sanções econômicas aplicadas por diversos países do mundo contra os russos, os compradores do combustível fóssil temem estigma, condenação pública, complicações logísticas e até sanções futuras contra eles próprios. No norte da Europa, a refinaria finlandesa Neste “substituiu quase completamente o petróleo russo por outras fontes, especialmente do Mar do Norte”, disse o grupo em comunicado. A sueca Nynas também anunciou que “deixará de comprar matérias-primas de origem russa”. Atualmente, a Rússia ocupa o lugar de terceiro maior produtor de petróleo do mundo, ficando atrás apenas da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, além de ser o segundo maior exportador, superando os EUA nesse ponto. Por essa razão, a dificuldade de comercialização gera medo de escassez do combustível fóssil no mundo, o que provocou aumentos sequenciais e recordes até a última quinta, 3, quando o preço do barril do tipo Brent superou US$ 117, valor que não atingia desde 2013. A possibilidade de liberação de reservas internas dos países e da formação de um acordo entre EUA e Irã pode diminuir as possibilidades de escassez e reduzir os valores.

O preço do petróleo continuou em alta nesta sexta-feira, 4, mas abaixo do recorde do dia anterior, já que as preocupações com uma possível interrupção no fornecimento russo foram atenuadas pelas esperanças em torno do Irã. Às 10h40 GMT, o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em maio subia 1,58%, a US$ 112,21. Há uma ano, custava US$ 65. Em Nova York, o West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril ganhava 2,02%, para US$ 109,85. Após uma semana de aumentos vertiginosos de mais de 20% para o Brent e o WTI, os preços pareciam se firmar em um determinado patamar de alta. No entanto, a notícia de que um acordo nuclear entre EUA e o Irã é iminente, divulgada pelo Markets.com, fez os compradores acreditarem que mais barris de petróleo seriam adicionados ao mercado. Negociadores reunidos em Viena tentam salvar um acordo de 2015 para impedir que o Irã adquira a bomba atômica. Eles fizeram “progressos significativos”, de acordo com uma porta-voz da diplomacia dos EUA Jalina Porter. Caso o novo acordo seja firmado com sucesso, é provável que as sanções dos EUA ao Irã sejam suspensas, permitindo que as exportações iranianas compensem parcialmente a situação do petróleo russo. Hoje, o Irã está entre os 10 maiores produtores do combustível fóssil no mundo.

Ainda para tentar controlar as altas constantes do petróleo, diante do temor de escassez, o Japão afirmou nesta sexta que vai liberar de 7,5 milhões de barris de suas reservas privadas para os mercados como parte de uma lista coordenada de reservas liderada pela Agência Internacional de Energia (AIE). A afirmação foi feita pelo ministro japonês da Economia, Comércio e Indústria, Koichi Hagiuda. A quantidade a ser acrescentada no mercado representa 12,5% da liberação coordenada planejada de petróleo das reservas – totalizando 60 milhões de barris – que os EUA e outros países membros da AIE concordaram na última terça-feira, 1º de março, para também tentar compensar as interrupções no fornecimento da Rússia.

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