Conversas diárias com Campos Neto e autoridade de Lula para questionar juros: veja o que Galípolo já falou sobre o BC
Indicado para a diretoria de política monetária do Banco Central, o economista tem defendido a postura do atual presidente e mostrado inclinação com pauta petista
Recém-indicado para a diretoria de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo demonstrou afinidade com a visão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à condução da taxa de juros. Em diversas entrevistas, o economista afirma que Lula tem autoridade para questionar a taxa Selic, uma vez que recebeu mais 60 milhões de votos e tem experiência no assunto. “Com certeza o presidente tem toda autonomia e autoridade para comentar sobre isso. Acho que o BC deve seguir analisando os indicadores que analisa para determinar qual taxa de juros deve colocar e poder considerar quais são os impactos na economia”, disse em entrevista ao UOL. Galípolo também revelou que fala quase diariamente com o atual presidente do BC, Robeto Campos Neto. “Eu falo com ele quase diariamente. Estou com uma missão corporativa de, até o fim do ano, ele ser criticado por todos os grupos bolsonaristas por estar excessivamente próximo à equipe econômica do PT. Temos muito diálogo com ele”, disse ao Estado.
Ele também teceu críticas ao teto de gastos e participou da produção do novo arcabouço fiscal.”Impunha uma visão política sobre qual deveria ser o tamanho do Estado na economia. O que dificulta tanto em momentos de crise quanto em questões de alternância de poder”, disse. “A democracia deve caber na regra econômica, e o papel do economista é trazer à luz do sol quais as consequências”, disse à Revista Exame. Já para a CNN, Galípolo indicou que a expectativa do governo era de redução de juros, após a apresentação da nova âncora fiscal. “Com certeza esperamos que, entendido por parte do mercado e do BC, dentro daquilo que é a visão do BC, que permite a ele dar a redução de juros. Entendemos sim, que esse arcabouço estava olhando para isso”, disse.
No trabalho de conclusão de curso da pós-graduação, o economista também foi crítico à taxa de juros. A primazia pela estabilidade impôs ao país taxas de juros reais que figuram, já por mais de uma década, entre as mais altas do mundo. A suposição da rápida convergência das estruturas produtivas e da produtividade da economia brasileira na direção dos padrões “competitivos” e “modernos” das economias avançadas, através de um projeto de desenvolvimento liberal, estabeleceu, na realidade, uma ordem econômica punitiva aos geradores de emprego e produção, e premiou o rentismo”, defendeu.
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