Copom reafirma estratégia de cortes de juros, mas cobra do governo a perseguição de metas fiscais

Comitê de Política Monetária do Banco Central divulgou nesta terça-feira a ata de sua última reunião, destacou conjuntura econômica incerta e sugeriu cautela na condução da política monetária

  • Por da Redação
  • 19/12/2023 13h19 - Atualizado em 19/12/2023 13h20
Raphael Ribeiro/BCB Roberto Campos Neto Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, durante encontro do G20

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira, 19, uma ata em que demonstra conforto com o ritmo de cortes de juros de 0,5 ponto percentual por reunião. No entanto, ressalta que será necessário um progresso importante na queda da inflaçãop para a meta e na ancoragem das expectativas de inflação para que mais cortes sejam realizados. A estratégia do comitê é garantir um grau de contração monetária ao longo de 2024, visando baixar o índice de inflação para a meta. O ponto mais importante da estratégia do Copom é ir em um ritmo não muito acelerado para garantir a contração monetária ao longo de 2024 e, assim, reduzir a inflação para a meta. Alguns segmentos do mercado têm ignorado essa estratégia, mas outros membros do colegiado apoiam unanimemente a estratégia. A ata reafirma a necessidade de manter uma política monetária contracionista para consolidar a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz trecho do comunicado. “Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”

A ata não apresenta mudanças em relação ao que foi escrito na ata anterior, de novembro, mas reafirma a comunicação do comitê, confirmando que a visão do Copom não mudou. O ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual por reunião está alinhado com a estratégia de manter a política monetária contracionista. Os membros do comitê concordam unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política contracionista necessária.

Para cortar mais os juros, o colegiado precisa de mais segurança de que a inflação vai cair para a meta. A projeção de inflação para 2024 ficou em 3,5% e para 2025 em 3,2%, enquanto a meta é de 3%. O Copom avalia que a dinâmica desinflacionária não divergiu significativamente do esperado e que não há motivos para mudar a estratégia de contração em 2024. A melhora no cenário internacional, como a queda dos juros nos Estados Unidos, não tem relação mecânica com a determinação da taxa de juros no Brasil, mas a incerteza no cenário internacional pede cautela na condução da política monetária.

 

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