Cotado a R$ 3,4861, dólar fecha no maior patamar desde junho de 2016

  • Por Estadão Conteúdo
  • 25/04/2018 18h28
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil Dólar opera sem direção com a pressão internacional por apetite ao risco e a tensão pela CPI da Covid-19 Após bater a máxima de R$ 3,5155 pela manhã, moeda desacelerou na meia hora final, para fechar em alta de 0,45%, a R$ 3,4861

O dólar à vista iniciou esta quarta-feira (25) em forte alta, acompanhando o comportamento da T-Note de 10 anos, ao redor dos 3%. Após bater a máxima de R$ 3,5155 (+1,29%) pela manhã, a moeda subiu durante a maior parte do pregão, mas desacelerou na meia hora final, para fechar em alta de 0,45%, a R$ 3,4861. Os negócios somaram US$ 1,3 bilhão.

“Não é o real que está enfraquecendo, é o dólar que está se fortalecendo”, resumiu o economista-chefe da Mapfre Investimentos, Luis Afonso Fernandes Lima. Mais uma vez, o pregão foi de alta forte do dólar em relação a várias moedas emergentes, diante da aversão a risco maior, com preocupações em relação a um contencioso comercial entre Estados Unidos e China, o que gera preocupações com o futuro das exportações globais; e os dados da economia americana que apontam para uma atividade mais forte, como aumento do otimismo da população, que gera aumento do consumo, que pode afetar a inflação e já a elevação dos juros por lá.

“O curioso é que, apesar das questões referentes à economia americana é a próprio dólar que acaba virando um porto seguro para a fuga do risco”, resume Lima. Mas ele já avalia que nos próximos pregões moedas de outras economias desenvolvidas, como o euro, o franco ou a libra, possam também tornar-se mais atrativas para os investidores – o que não vai ser o caso das de países emergentes. “Essas nunca vão ser um porto seguro”, diz. O real tende a apresentar mais volatilidade, como a vista hoje, com movimentos mais acentuados durante os pregões, porque é uma das moedas mais líquidas dessa cesta.

A moeda americana hoje fechou no maior patamar desde 6 de junho de 2016, quando alcançou R$ 3,4913. Nessa época, o dólar começou a recuar porque o mercado ainda avaliava que o governo Temer teria força política para aprovar o ajuste fiscal e o Fed sinalizava que os juros americanos não subiriam no curto prazo.

Por conta dos fatores estruturais globais, mais o ano eleitoral brasileiro, investidores esperam volatilidade da moeda nos próximos meses e já identificam que a procura por proteção (hedge) tem se aquecido. Perto das 17h15, o dólar para maio subia 0,36%, negociado a R$ 3,4875 e movimentava US$ 24,3 bilhões. Alguns operadores também afirmaram que já havia movimento de rolagem de contratos, pelo fim do mês.

Pela manhã, além da atenção aos Treasuries, os analistas também destacaram o desconforto dos investidores com a decisão da segunda turma do STF de retirar processos de Lula do juiz Sérgio Moro, o que pode indicar um cenário mais extremo sobre possível revisão de decisões de Moro e da Justiça de segunda instância de Porto Alegre – isso passou a ser mais um risco no radar.

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