Dívidas em atraso das famílias batem recorde do ano em agosto, diz CNC

  • Por Estadão Conteúdo
  • 05/09/2017 11h40
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Fotos Públicas Entidades de defesa do consumidor se dizem preocupadas com as mudanças no cadastro positivo, mas o comércio comemora. Na semana passada, o texto-base do projeto que muda as regras foi aprovado pela Câmara. O cadastro positivo é um banco de dados que existe desde 2011 e relaciona os clientes que são considerados bons pagadores. Até então, o consumidor precisava pedir pra ter o nome incluído, mas agora, todos que estiverem com as contas em dia entram na lista automaticamente. Quem não quiser, terá que entrar em contato com as instituições financeiras e solicitar a exclusão. Segundo Paulo Miguel, diretor-executivo da Fundação Procon de São Paulo, não há garantias de que os dados do consumidor estarão protegidos. O deputado Walter Ioshi, que foi o relator do projeto na Câmara, rebate e garante que não haverá violações. A aprovação do novo cadastro positivo agradou as empresas de crédito e os varejistas. O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, diz que é uma vitória do consumidor que mantém as contas em dia. Apesar da aprovação, os destaques do texto ainda serão apreciados pelo plenário da Câmara nesta semana. Depois, o texto segue para uma nova análise do Senado, de onde veio a matéria original. O tempo médio de atraso para o pagamento das dívidas subiu para 64,7 dias em agosto, acima dos 63,3 dias registrados em agosto de 2016

As famílias com dívidas ou contas em atraso registraram em agosto o maior porcentual do ano na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), atingindo 24,6% dos 18 mil consumidores pesquisados. Divulgada nesta terça-feira (5), a pesquisa mostrou que o porcentual de famílias que permaneceram inadimplentes (10,1%) também foi o maior do ano, e que o número total de endividados cresceu para 58%, contra 57,1% em julho. Se comparado ao mesmo período do ano passado, no entanto, o índice permanece estável.

“O desemprego ainda elevado pode ajudar a explicar a maior dificuldade das famílias em pagar suas contas em dia. Porém, apesar da queda das taxas de juros, a contratação de novos empréstimos e financiamentos pelas famílias tem se recuperado lentamente”, disse Marianne Hanson, economista da CNC, em nota oficial.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal.

A proporção das famílias com dívidas ou contas atrasadas também aumentou entre julho e agosto, de 24,2% para 24,6%, registrando alta inclusive na comparação anual, com acréscimo de 0,2 ponto porcentual. Já as famílias que declararam não ter como pagar as dívidas, permanecendo assim, inadimplentes, tiveram alta de 0,7 ponto porcentual na comparação com agosto de 2016, e subiram de 9,4% para 10,1% entre julho e agosto.

Uma leve queda foi registrada somente na parcela de famílias que se declararam muito endividadas, uma redução de 0,4 ponto porcentual na comparação anual e alta de 0,2 ponto porcentual em relação a julho de 2017 (14,2%).

O tempo médio de atraso para o pagamento das dívidas subiu para 64,7 dias em agosto, acima dos 63,3 dias registrados em agosto de 2016. Em média, o comprometimento com as dívidas foi de 7,2 meses, sendo que 33,2% das famílias possuem dívidas por mais de um ano. Entre aquelas endividadas, 22% afirmam ter mais da metade da sua renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas.

O cartão de crédito continua liderando como principal forma de endividamento, com 76,4% do total, seguido de carnês (15,8%) e crédito pessoal (10,6%).

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