Dólar cai apesar de clima global negativo; Bolsa sobe

Mercados em todo o mundo acompanham aumento de tensões após alertas de invasão da Ucrânia por tropas russas

  • Por Jovem Pan
  • 14/02/2022 18h29
Mohamed Abd El Ghany/Reuters Homem mexe em calculadora; ao seu lado há uma pilha de dólares Dólar mantém trajetória de queda e caminha para o sétimo dia seguido de desvalorização ante o real

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta segunda-feira, 14, apesar do clima pressionado no cenário internacional com o aumento das tensões após alertas de que a Rússia estaria pronta para invadir a Ucrânia nos próximos dias. O dólar abriu a semana com queda de 0,46%, cotado a R$ 5,219. O câmbio chegou a mínima de R$ 5,196, enquanto a máxima não passou de R$ 5,267. A divisa encerrou a semana passada com leve alta de 0,01%, a R$ 5,242. Ignorando a queda generalizada dos mercados nos Estados Unidos e na Europa, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou com avanço de 0,29%, aos 113.899 pontos. O pregão de sexta-feira, 11, fechou com pequeno avanço de 0,2%, aos 113.572.

As atenções de todo o mundo estão voltadas aos movimentos na fronteira da Ucrânia após o alerta de autoridades dos Estados Unidos de uma iminente invasão da Rússia. Apesar de o cenário de risco internacional favorecer ativos mais seguros, como o dólar, o ambiente doméstico com o aumento dos juros — o que atrai mais investidores para a renda fixa —, e o bom momento de commodities, dá fôlego para o mercado brasileiro. Os analistas revisaram novamente para cima a previsão para a inflação e passaram a ver os juros mais altos no país em 2022, segundo estimativas do Boletim Focus divulgadas nesta manhã. O mercado estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) suba a 5,5% ao fim deste ano. Já a Selic foi revista para 12,25%. No início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros a 10,75% e sinalizou nova alta no encontro agendado para março.

Ainda na pauta doméstica, o humor dos mercados é pressionado pelo aumento do risco fiscal com a negociação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca frear o aumento dos combustíveis. Os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), devem se encontrar com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, e com seus sucessores, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, nesta noite para discutir a medida. A equipe econômica apoia que a mudança seja restrita ao diesel, enquanto alas do Planalto defendem a extensão do benefício para a gasolina. Os embates geram temor aos investidores por indicarem aumento dos gastos públicos em meio ao processo eleitoral. Para analistas, o crescimento da desconfiança com as contas do governo pode levar ao avanço do dólar e neutralizar os benefícios propostos pela PEC.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.