Dólar cai e fecha em R$ 4,06, mas tem maior alta mensal em quase 3 anos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 31/08/2018 19h25
Fotos Públicas Moeda à vista encerrou o mês de agosto com valorização de 8,23%

Uma conjunção de fatores levou o mercado de câmbio a um movimento significativo de desmontagem de posições em dólar, que começou pela manhã e ganhou fôlego extra à tarde. O cenário externo menos avesso ao risco somou-se a uma perspectiva mais otimista em relação ao cenário eleitoral doméstico, o que se traduziu em queda de 2,15% do dólar à vista, que terminou o dia cotado a R$ 4,0646.

Apesar da queda de 1,00% no acumulado da semana, o dólar à vista encerrou o mês de agosto com valorização de 8,23% ante o real, maior variação mensal desde setembro de 2015. A alta foi justificada pelo aumento das incertezas quanto ao cenário eleitoral doméstico, em meio aos ruídos nas relações comerciais dos Estados Unidos e as crises cambiais na Turquia e na Argentina. Antes que o dólar atingisse seu maior valor nominal desde o Plano Real, ontem, o Banco Central voltou a ofertar contratos de swap cambial, o que contribuiu para a queda da moeda nas duas últimas sessões.

A moeda americana teve uma abertura volátil, sob influência da formação da última taxa Ptax do mês, que baliza os contratos vincendos no início de setembro. Internamente, contribuiu para a definição do sinal de queda o leilão de US$ 2,15 bilhões em linha cambial. Externamente, foi fator importante o fortalecimento do peso argentino ante o dólar, após o FMI ter garantido apoio à Argentina para fortalecer o país.

A desmontagem de posições ganhou força gradativamente à tarde, primeiro com o final do período de formação da Ptax de agosto. Depois, com a notícia de que o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) havia incluído em sua pauta o julgamento do registro de candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sinalizando para a definição do imbróglio das últimas semanas. A mínima do dia foi registrada às 15h50, aos R$ 4,0564 (-2,35%), no auge do movimento de zeragem de posições. Segundo operadores, a queda acelerada acabou por trazer de volta ao mercado os exportadores que vinham represando seus dólares nos últimos dias, ainda buscando garantir os ganhos com a cotação atrativa.

“O dólar havia mudado de patamar nos últimos dias e o Banco Central anunciou leilões de swap e de linha, injetando liquidez instantânea aos negócios. A menor preocupação de contágio da crise Argentina e a expectativa pelo julgamento do TSE completaram o quadro que levou à desmontagem de posições”, disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

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