Dólar fica abaixo de R$ 5 pela 1ª vez desde julho com cenário global no radar; Bolsa sobe
No cenário doméstico, prévia da inflação tem o maior registro em seis anos e dá força para o Banco Central manter a alta dos juros
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo positivo nesta quarta-feira, 23, enquanto analistas em todo o mundo seguem acompanhando a escalada das tensões no Leste europeu e os impactos das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia. Na cena doméstica, a prévia da inflação de fevereiro voltou a tomar fôlego e registrou a maior alta em seis anos. O resultado dá força ao Banco Central (BC) para manter a escalada dos juros para conter a variação de preços. Por volta das 11h, o dólar registrava queda de 1%, cotado a R$ 5,002. A divisa norte-americana chegou a operar a R$ 4,999 por um breve tempo, a primeira vez abaixo de R$ 5 na variação intradiária desde 2 de julho de 2021. Na máxima, o câmbio não passou de R$ 5,051. O câmbio encerrou a véspera com queda de 1%, a R$ 5,052 — o terceiro dia seguido de recuo. A atração de dólares ao Brasil é justificada pela maior atratividade da renda fixa com o aumento da Selic e a valorização de commodities. Se descolando do clima negativo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência para a Bolsa de Valores brasileira, registrava alta de 0,6%, aos 113.530 pontos. O pregão desta terça-feira, 22, fechou com avanço de 1%, aos 112.891 pontos.
Em meio às tensões na fronteira e aumento dos conflitos nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu que seus cidadãos deixem o território russo rapidamente. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o governo pede que os ucranianos cancelem viagens ao país vizinho e aqueles que já estão na Rússia partam “imediatamente”. O alerta acontece um dia após o presidente Volodymyr Zelensky anunciar a convocação de militares da reserva, com idades entre 18 e 60 anos. Diversos países do Ocidente, entre eles os Estados Unidos e o Reino Unido, anunciaram uma série de sanções aos russos após o presidente Vladimir Putin reconhecer a independência das regiões rebeldes no Leste da Ucrânia e mandar soldados para a região. Em um duro comunicado, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que o movimento caracteriza uma invasão ao território ucraniano e que Putin planeja continuar o avanço sobre o país.
Na pauta interna, o mercado analisa o avanço da prévia da inflação para 0,99% em fevereiro, o maior registro para o mês desde 2016 e acima do patamar de 0,58% de janeiro. O resultado faz o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acumular alta de 10,76% em 12 meses, acima dos 10,2% registrados no período imediatamente anterior. Desde o início do ano, a prévia da variação de preços soma alta de 1,58%. No acumulado de 12 meses, o indicador está bastante acima da meta de 3,5% perseguida pelo BC em 2022, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. O mercado financeiro estima que a inflação encerre o ano a 5,56%. O resultado deve reforçar o discurso da autoridade monetária no aperto dos juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de 9,25% para 10,75% no início do mês, e deixou contratado novo aumento no encontro de março, mas admitiu que o ritmo deve ser desacelerado. O mercado financeiro espera que a taxa básica encerre o ano a 12,25%. Parte dos analistas, porém, enxerga a Selic próximo ao patamar de 13% no fim do ciclo de alta.
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