Dólar cai para R$ 4,70 com expectativa de Selic mais alta após IPCA de março

Apesar do recuo desta sexta, a divisa americana encerra a semana com valorização de 0,89

  • Por Jovem Pan
  • 08/04/2022 18h18 - Atualizado em 08/04/2022 19h52
Willian Moreira/Estadão Conteúdo Mão segura duas cédulas de US$ 1 O dólar voltou a cair no mercado doméstico de câmbio

Após três pregões consecutivos de ganhos firmes, em que experimentou uma valorização de 2,88% e ameaçou romper o patamar R$ 4,75, o dólar voltou a cair no mercado doméstico de câmbio na sessão desta sexta-feira, 8, esboçando se situar novamente abaixo de R$ 4,70. O principal indutor do tombo da divisa americana por aqui foi uma onda de redução de posições defensivas no mercado futuro, insuflada pela expectativa de que a taxa Selic ultrapasse 13% e, quiçá, atinja 14% nos próximos meses. A aposta é que a leitura de 1,62% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março impedirá o Banco Central de encerrar o aperto monetário em maio, com alta final da Selic em 1 ponto porcentual, para 12,75% ao ano. Uma taxa Selic ainda mais elevada encarece o custo de manutenção de proteções cambais, desestimula apostas mais contundentes contra o real e estimula o “carry trade” (operações que exploram diferencial de juros entre países).

A trajetória de queda do dólar, contudo, não foi linear. A taxa de câmbio experimentou algumas trocas de sinal durante o pregão, sobretudo pela manhã. Após cair sob o impacto do IPCA de março, o dólar ganhou força com a aceleração da alta do índice DXY (termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes), que chegou a atingir os 100 pontos, maior patamar desde maio de 2020. A taxas dos Treasuries subiram em bloco, com mercado incorporando aos preços a expectativa de uma ação mais enérgica do Federal Reserve, diante da percepção de aumento dos riscos inflacionários com o prolongamento da guerra na Ucrânia, novas sanções ocidentais à Rússia e lockdown em Xangai, na China, para combater a Covid-19. Ao longo da tarde, com certa moderação da alta do DXY, que passou a trabalhar na casa dos 99,800 pontos, e aumento da pressão vendedora no mercado futuro, o dólar se firmou em terreno negativo. Note-se que moedas emergentes pares do real, com o peso mexicano e o rand sul-africano, também ganharam força nesta sexta. Com oscilação de cerca de nove centavos entre a máxima (R$ 4,7939) e a mínima (R$ 4,7010), o dólar à vista encerrou a sessão a R$ 4,7089, em baixa de 0,67%. Apesar do recuo desta sexta, a divisa encerra a semana com valorização de 0,89%. No mês, ainda perde 1,10%. Em 2022, a desvalorização acumulada é de 15,55%.

Com informações do Estadão Conteúdo

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